08 dezembro, 2011

Ciclos, mudanças e auto conhecimento

Há um tempo na vida para se plantar, se pensarmos bem o tempo todo, de diferentes formas estamos sempre plantando, e lá na frente a gente se dá conta que uma colheita chegou, só então percebemos que todo esforço , dedicação e renúncias valeram muito a pena.
Há também um tempo de agradecer , que seja sempre porque o Universo é muito generoso.
Mas queria falar de outra coisa qeu escutei ontém : "uma gota a mais e o copo transborda." e no que isso me levou a agradecer a duas terapeutas especiais que passaram por minha vida; me ensinaram a não deixar o copo transbordar.
A metáfora sobre algo que não conseguimos conter desenha a imagem do que acontece nos momentos em que não damos conta de resolver sozinhos um problema que incomoda bem lá dentro da gente.
Ao atingirmos essa situação-limite, a água escorre ­ e nos vemos no impasse de matar, morrer ou de nos fingirmos de mortos.
Matar é buscar soluções.
Morrer é se deixar aniquilar por ela.
Fingir de morto é olhar para o lado, agindo como se a coisa não fosse com você.
Eis aí três possibilidades do que cada um de nós, como indivíduos , podemos fazer com nossas vidas quando algo não vai bem em nosso íntimo.
Tudo é questão de escolha, e essa opção determina como viveremos e quem seremos para nós e para os outros.
Dentro dessas possibilidades, vale recorrer a  Bruce Willys em Duro de Matar e parte para o combate. Calma, ninguém vai sair por aí batendo nas pessoas que nos causam problemas, nos decepcionam ou representam o que gostaríamos de ser e não somos.
 Ir à luta tem um sentido mais pessoal, de mergulhar em uma jornada que nos colocará em confronto com nosso maior desafiante: nós mesmos.
Na batalha, é importante contar com a expertise de um bom navegador que ajude a interpretar as coordenadas do trajeto até o entendimento de porque o copo transbordou.
Esse companheiro de jornada estudou o funcionamento da mente humana e seus meandros, e, quem sabe, nos fará chegar ao registro da torneira para evitar um novo transbordo.
Assim define-se o terapeuta, palavra que nomeia psicanalistas, psiquiatras, psicoterapeutas e outros profissionais que trabalham com técnicas de autoconhecimento
. É com eles que contamos quando não conseguimos evitar que a gota letal cause sofrimento emocional. Ao pedir socorro e nos lançarmos ao desafio de fazer terapia, embarcamos numa viagem ao inconsciente ­ aquele local dentro de nós que guarda o que somos, como nos tornamos o que somos, o que queremos ser e o que podemos ser.
Se hoje sou mais equilibrada e consciente das minhas sementes e colheitas , os agradecimentos tem nome e endereço certo: a terapia.
Existe ainda muita gente que vê a psicoterapia como tratamento para malucos ou para pessoas sem capacidade de lidar com seus próprios problemas. O ranço é antigo, do tempo em que a subjetividade era malvista pela ciência.
 Remanescentes desse pensamento acreditam que um antidepressivo como Prozac na mão vale mais que boas palavras.
Mas quem aposta na fala como instrumento de expressão sabe que entrar num consultório e se entregar a um momento “esta é sua vida” com um desconhecido é uma forte ferramenta para tirar o pedregulho do sapato.
Ao contar o que sentimos, nós nos ouvimos e ampliamos a consciência de si próprio.
Na relação paciente -psicoterapeuta este não diz o que o paciente deve fazer, ele auxilia a pessoa a navegar em suas emoções e a se compreender.
 Fazer terapia é lançar-se ao desafio de resolver um problema urgente ou aventurar-se a descobrir mais sobre si mesmo.
O mergulho nos labirintos do inconsciente, que revela quem somos, pode fazer toda a diferença para determinar quem desejamos ser.
Terapia não tem garantia ou prazo de validade ­ porque as pessoas mudam, porque a vida muda.
 E, posto que é mudança, nem todo mundo aceita ser igual durante toda uma vida.

31 outubro, 2011

Khan el Khalili

Ao assistir uma apresentação de dança na Khan el Khalili, não há como ficar hipnotizado com as apresentações das bailarinas com  sua delicadeza e habilidade em manejar os quadris traduzidos em música, as mãos desenhando poesia pelo ar, bem como os trajes e o mito de princesa sempre presentes nos olhares. Isso sem falar na fantasia e o poder sedutor que ela desencadeia, principalmente quando tratada como arte.

O nome “Dança do Ventre” foi dado pelos Franceses para aquela dança na qual “a bailarina mexia o estômago e o quadril de forma voluptuosa, ao som de ritmos orientais”.
A Dança é uma das mais belas e antigas artes, pois através dela, o homem passa a perceber o seu corpo de maneira instintiva.Há mais ou menos 12.000 anos, antes, inclusive, do antigo Egito, numa época remota, já existiam danças ritualistas feitas para algumas finalidades.
No Antigo Egito a Dança Ritualística tinha um caráter Sagrado, intimamente ligado à história e aos costumes. Viver no Vale do Rio Nilo equivalia estar destinado a uma rotina e geografia extremamente simples. Para os egípcios, tudo estava baseado e apoiado na hierarquia de seus Deuses e suas crenças.
Assim sendo, Sacerdotisas Egípcias costumavam usar movimentos ondulatórios e batidas do ventre e do quadril para reverenciar Deuses como Ísis, Osíris, Hathor. Além disso, acredita-se que estes movimentos estavam associados à fertilidade, sendo praticados em rituais e cultos em Templos, homenageando a grande mãe pelo seu poder de dar e manter a vida.
Com a invasão dos árabes no Egito, e uma série de migrações em um período conturbado de guerras, a Dança do Ventre passou a ser conhecida por outros povos, que a adquiriram para a sua cultura e modificaram-na de acordo com suas crenças e desejos.
A primeira modificação foi a perda do caráter religioso. Por isso é tão difícil e complexo falar sobre esta dança que, devido ao seu histórico, em cada país possui um sentido e uma tendência.
A Dança do Ventre tem seguido um processo evolutivo e tem sido praticada em inúmeros tipos de cenários como, palácios, mercados, praças e até em bordéis. A sua história acompanha a da humanidade, e deste fato não se pode fugir. Ela promove uma ligação direta entre o folclórico, o improviso e a imaginação individual de cada bailarina; um equilíbrio entre a regra e a liberdade de expressar seus sentimentos e movimentos.
Apesar de toda imensidão que abrange, a Dança do Ventre é conhecida e considerada representante do mundo árabe e está intimamente ligada a sua música e seus ritmos de percussão. Ao contrário do que muitos imaginam, em cada ritmo árabe existe um componente primordial, que é a improvisação.
A verdadeira dança do ventre não deve ser confundida com a imagem publicitária que faz da bailarina um objeto sexual. A sensualidade existe, sem dúvida, mas envolta num clima de magia e misticismo sublimes.
É uma dança milenar, portanto, tem um peso cultural que merece ser respeitado.
A casa de chá Khan el Kalili oferece aulas de dança do ventre, e apresentações todos os domingos ao público , o lugar é exótico e dá para sentir um pouquinho do Egito em pleno coração da Vila Mariana.
www.khanelkhalili.com.br/
Rua Doutor José Queirós Aranha, 320
São Paulo, 04106-061
(0xx)11 5575-6647

28 outubro, 2011

Fim de tarde



Nada mal para um final de sexta feira..........


27 outubro, 2011

A praia das 7 mulheres

não, não é a santa ceia em versão feminina, apenas um belo grupo de amigas curtindo um findi na praia....

Criativo

21 outubro, 2011

Mensagem

Quando você conseguir superar
graves problemas de relacionamentos,
não se detenha na lembrança dos momentos difíceis,
mas na alegria de haver atravessado
mais essa prova em sua vida.

Quando sair de um longo tratamento de saúde,
não pense no sofrimento
que foi necessário enfrentar,
mas na bênção de Deus
que permitiu a cura.

Leve na sua memória, para o resto da vida,
as coisas boas que surgiram nas dificuldades.
Elas serão uma prova de sua capacidade,
e lhe darão confiança
diante de qualquer obstáculo.

Uns queriam um emprego melhor;
outros, só um emprego.
Uns queriam uma refeição mais farta;
outros, só uma refeição.
Uns queriam uma vida mais amena;
outros, apenas viver.
Uns queriam pais mais esclarecidos;
outros, ter pais.
Uns queriam ter olhos claros;
outros, enxergar.
Uns queriam ter voz bonita;
outros, falar.
Uns queriam silêncio;
outros, ouvir.
Uns queriam sapato novo;
outros, ter pés.
Uns queriam um carro;
outros, andar.
Uns queriam o supérfluo;
outros, apenas o necessário.
Há dois tipos de sabedoria:
a inferior e a superior.
A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe
e a superior é dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.
Tenha a sabedoria superior.
Seja um eterno aprendiz na escola da vida.

A sabedoria superior tolera;
a inferior, julga;
a superior, alivia;
a inferior, culpa;
a superior, perdoa; a inferior, condena.
Tem coisas que o coração só fala
para quem sabe escutar!

Chico Xavier.

26 setembro, 2011

Como vai você

Como vai você?
Eu preciso saber da sua vida.
Peça a alguém pra me contar
Sobre o seu dia.
Anoiteceu e eu preciso de saber.

Como vai você
Que já modificou a minha vida,
Razão da minha paz tão dividida?
Nem sei se eu gosto
Mais de mim ou de você.

Vem, que a sede de te amar me faz melhor.
Eu quero amanhecer ao seu redor.
Preciso tanto me fazer feliz!...
Vem, que o tempo pode afastar nós dois.
Não deixe tanta vida pra depois.
Eu só preciso saber como vai você?

Eu preciso saber da sua vida.
Peço a alguem pra me contar
Sobre o seu dia.
Anoiteceu e eu preciso só saber.
Como vai você
Que já modificou a minha vida,
Razao da minha paz tão dividida
Nem sei se gosto mais de mim ou de você.

Vem, que a sede de te amar me faz melhor.
Eu quero amanhecer ao seu redor.
Preciso tanto me fazer feliz.

Vem, que o tempo pode afastar nós dois!
Não deixe tanta vida pra depois.
Eu só preciso saber, como vai você

23 setembro, 2011

Texto Daniel Piza

A sensibilidade da Su não deixou escapar, fui conferir o texto, realmente muito bom.
A crônica leva o nome" Ensaios d'amor , nome apropriado porque coloca o amor e o ensaio com algo em comum: a tentativa, o entendimento que deve sempre rever a si mesmo, a aproximação ciente de que o movimento é vital, não final; a recusa ao dogma da perfeição e ao mesmo tempo a crença de que sempre há o que melhorar.
O que ele chama de "paradoxo"? O fato de que o amor nasce sempre sob o signo do entusiasmo, da entrega febril, e depois vai se convertendo numa rotina tediosa, sem aventura, repleta de picuinhas e  injustiças.
O romance da libertação a dois gradualmente passa a ser o drama da prisão partilhada. E dão greve ao prazer, cometendo uma deslealdade antes mesmo de passar a uma traição concreta."
Cita Pascal Bruckner :" o amor na atualidade, em que não é a repressão que sufoca, mas a liberdade, ou melhor, o individualismo cínico de hoje entendido como liberdade.
As relações íntimas são calcadas nas do trabalho: o retorno sobre o investimento deve ser maximizado. Sonho com uma relação humana que jamais extravase: você me agrada, ficamos juntos, você me cansa, eu o dispenso. Experimentamos o outro como um produto"
"A internet estrutura a busca do parceiro como um mercado, é o paradoxo da cultura consumista.
A indústria da auto ajuda e dos anti depressivos induz à expectativa de que os problemas sejam resolvidos como " fast food", como um objeto de consumo que sacia meus desejos, na verdade insaciáveis em sua rede de dependência; o desejo novo, afinal, tem como trunfo parecer mais promissor, e no entanto as decepções se multiplicam na mesma escala."
Não se pode  pensar no amor verdadeiro "sem disposição para o autosacrifício em prol do parceiro" .E autosacrifício é tudo que nossa era desencoraja.
"O amor é uma aventura de que não queremos nos privar, mas com a condição de que ela não nos prive de nenhuma outra."
Seduzir se torna uma caça a troféus, ao exercício da vaidade- como alguém quando numa relação estável diz que " só não quero saber" de eventuais casos de sua parceira, na verdade está querendo dizer que quer ter o direito de fazer o que quiser desde que consiga não magoar o outro.
Há uma maldade nova em nossos amores: a adesão a mim mesmo me autoriza a apunhalar o outro pelas costas.
Trata-se o outro com valores utilitaristas: se não serve mais, será descartado, a fidelidade se torna um esforço que termina deixando um com raiva do outro. O pior, diz Bruckner, é que o casal se mostra indigno da paixão que o fez começar e, assim, deixa a monotonia vencer.
Será que não se acredita mais no amor sólido, livres da indulgência mútua?
Um bom relacionamento é uma conversa variada e feliz, é amizade e sexualidade, às quais se pode acrescentar ternura, o sentimento de que o ser amado mexe muito mais conosco do que um simples amigo(a) atraente.
É um equilíbrio sempre móvel entre segurança e aventura, a não ser vencido pela desconfiança ou egoísmo; não faz sentido ferir quem amamos, cobrando perfeição como se o menor desapontamento fosse justificativa para magoá-lo, para trocar uma bela história por um laço superficial.
O amor duradouro é uma conversa contínua, uma troca de duas vozes sempre redescobrindo a si mesmas. É um ensaio, não um contrato.

08 setembro, 2011

Saudades de NY.

Faz exatamente um ano que voltei de Nova Iorque, revendo as fotos e sem ficar alheia aos  inúmeros documentários na TV  que lembram a semana de 11/9, me veio a tona uma reflexão que trazemos de cada viagem.
Como administrar os inevitáveis sentimentos de perda e de saudade, ao retornar ao nosso país e à rotina do dia a dia após ter visitado lugares encantadores, se deslumbrado com maravilhosas paisagens, vivido intensas experiências culinárias, culturais, espirituais, feito novos amigos - e mesmo amores- ao longo de nossas andanças por este mundo maravilhoso?
Como é voltar a ser abóbora , depois te ter vivido a experiência de ser Cinderela??
Acho que muitos já passaram por isso e conseguem compreender o espírito da questão.
Os viajantes ao voltarem sentem um vazio estranho e alimentam a esperança de reconstruir as experiências e sensações que viveram.
 Infelizmente, isso jamais vai ocorrer!!
 Cada viagem é uma viagem única e ainda que você tente repetir exatamente as condições daquela que lhe deixou saudade - mesma época, mesmo hotel, mesmos companheiros, mesmos restaurantes,- tudo há de parecer diferente, talvez melhor ou pior, porque o tempo  muda o que somos e o que são os lugares.
Além disso, não deve haver perdas a lamentar, mas, unicamente, descobertas a festejar.
É claro que dói quando chega o momento de fazer as malas e terminar uma viagem feliz, mas por outro lado sempre parto segura que aquela experiência foi relevante e muitas outras virão.
Ao lado das novas, ela irá compor, um dia, a totalidade da minha riqueza, e terei o prazer de registrar nesse blog bem como em minha mente mais uma  benção maravilhosa que a vida me proporcionou.

02 setembro, 2011

Relacionar-se

Saber se relacionar é muito importante porque todo ser humano sente necessidade básica de se sentir aceito, querido, desejado, valoroso, legitimado e importante.
 Necessitamos tanto disso que praticamente vivemos para isso: nossas escolhas são baseadas em nossas crenças em atingir estes objetivos.
E é no relacionamento com o outro que podemos, ou não nos sentir assim. Se soubermos nos relacionar de modo a aceitar o jeito do outro ser e nos alimentar dessas relações.
 Sim, falei nos alimentar da relação porque só crescemos na relação com o outro, caso contrário, ou se nos relacionarmos apenas com nos mesmos, não há ingredientes para transformação tal qual o preparo de um alimento – para se fazer arroz é necessário: água, sal, panela e fogo.
Grão de arroz com grão de arroz não se transforma em alimento. Análogo a uma pessoa que não sabe se relacionar.

Ao nos alimentarmos da relação, aceitando o modo de ser do outro, não apesar de ser diferente do nosso, mas exatamente por esta razão, faremos o outro sentir-se importante, querido, aceito, legitimado e valoroso, e se alguém se sente assim com a gente desejará a nossa companhia e fará com que sejamos aceitos, legitimados, valorosos e importantes tal qual as águas refletem a imagem daquilo que nelas
Quando os interesses e os investimentos emocionais e intelectuais são os mesmos, nestes poucos e raros momentos as pessoas se encontram, deixam de ficar ensimesmadas e sentem um calor envolve-las. Estão juntas e se encontrando numa boa relação. Isto acontece quando mais de uma pessoa compartilha do mesmo clima emocional e mental.
 É tão bom como quando se está fisicamente envolvido por águas mornas, só que bem melhor, pois estamos falando de um envolvimento menos superficial que a pele.
Mais intenso e profundo do que o físico. Estamos falando de um envolvimento emocional. Nessas ocasiões estamos tão deliciosamente envolvidos uns com os outros que não sobra mente para nos percebermos. Estamos inteiramente tomados deste e neste encontro, por isso só depois quando nos lembramos dos raros e bons momentos do encontro é que sentimos saudade.
Mas não sabemos como ou o que fizemos para atingir esta feliz sensação.
 Quando há encontro, estamos inteiros dentro desta relação, imersos, e não resta uma parte de nós preservada, não envolvida ou não tomada. Isto é não há um estado em nós que não esteja entrelaçado no encontro e que possa se enxergar do lado de fora da relação para que possa se observar e apreender a técnica do bom relacionamento, e por meio desta aprendizagem poder principalmente, entrar ou sair a bel prazer desses deliciosos encontros.






16 agosto, 2011

Materializar sentimentos...

Psicanálise

Se vc sente raiva precisa dar um soco?
Se sente impaciência precisa ser indelicado e não ouvir o outro terminar de falar, dizendo tá tá tá já sei?
Se sente ímpetos maternais precisa ser mãe?
Precisa materializar todos seus desejos???

Não, não precisa, o sábio não precisa materializar todos seus desejos, ele apenas os compreende internamente. Sabe que não precisa necessariamente vivenciar todos eles.

Aos que sabem viver sem vitrine pessoal e com conteúdo!!

A Vida fora do Brasil.
Como a classe média alta brasileira é escrava do “alto padrão” dos supérfluos.


Nossa convidada de hoje da seção Mulheres no Mundo.
Adriana Setti.

No ano passado, meus pais (profissionais ultra bem sucedidos que decidiram reduzir o ritmo em tempo de aproveitar a vida com alegria e saúde) tomaram uma decisão surpreendente para um casal muito enxuto, diga-se de mais de 60 anos: alugaram o apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um parente, enfiaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para Barcelona, onde meu irmão e eu moramos, para uma espécie de ano sabático.

Aqui na capital catalã, os dois alugaram um apartamento agradabilíssimo no bairro modernista do Eixample (mas com um terço do tamanho e um vigésimo do conforto do de São Paulo), com direito a limpeza de apenas algumas horas, uma vez por semana. Como nunca cozinharam para si mesmos, saíam todos os dias para almoçar e/ou jantar. Com tempo de sobra, devoraram o calendário cultural da cidade: shows, peças de teatro, cinema e ópera quase diariamente. Também viajaram um pouco pela Espanha e a Europa. E tudo isso, muitas vezes, na companhia de filhos, genro, nora e amigos, a quem proporcionaram incontáveis jantares regados a vinhos.

Com o passar de alguns meses, meus pais fizeram uma constatação que beirava o inacreditável: estavam gastando muito menos mensalmente para viver aqui do que gastavam no Brasil. Sendo que em São Paulo saíam para comer fora ou para algum programa cultural só de vez em quando (por causa do trânsito, dos problemas de segurança, etc), moravam em apartamento próprio e quase nunca viajavam.

Milagre? Não. O que acontece é que, ao contrário do que fazem a maioria dos pais, eles resolveram experimentar o modelo de vida dos filhos em benefício próprio. “Quero uma vida mais simples como a sua”, me disse um dia a minha mãe. Isso, nesse caso, significou deixar de lado o altíssimo padrão de vida de classe média alta paulistana para adotar, como “estagiários”, o padrão de vida mais austero e justo da classe média européia, da qual eu e meu irmão fazemos parte hoje em dia (eu há dez anos e ele, quatro). O dinheiro que “sobrou” aplicaram em coisas prazerosas e gratificantes.

Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média européia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. É o preço que se paga por conviver com algo totalmente desconhecido no nosso país: a ausência do absurdo abismo social e, portanto, da mão de obra barata e disponível para qualquer necessidade do dia a dia.

Traduzindo essa teoria na experiência vivida por meus pais, eles reaprenderam (uma vez que nenhum deles vem de família rica, muito pelo contrário) a dar uma limpada na casa nos intervalos do dia da faxina, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não ter carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais “sustentável”. Não doeu nada.

Uma vez de volta ao Brasil, eles simplificaram a estrutura que os cercava, cortaram uma lista enorme de itens supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, mais leves, tornaram-se mais portáteis (este ano, por exemplo, passaram mais três meses por aqui, num apê ainda mais simples).

Por que estou contando isso a vocês? Porque o resultado desse experimento quase científico feito pelos pais é a prova concreta de uma teoria que defendo em muitas conversas com amigos brasileiros: o nababesco padrão de vida almejado por parte da classe média alta brasileira (que um europeu relutaria em adotar até por uma questão de princípios) acaba gerando stress, amarras e muita complicação como efeitos colaterais. E isso sem falar na questão moral e social da coisa.

Babás, empregadas, carro extra em São Paulo para o dia do rodízio (essa é de lascar!), casa na praia, móveis caríssimos e roupas de marca podem ser o sonho de qualquer um, claro (não é o meu, mas quem sou eu para discutir?). Só que, mesmo em quem se delicia com essas coisas, a obrigação auto-imposta de manter tudo isso e administrar essa estrutura que acaba se tornando cada vez maior e complexa acaba fazendo com que o conforto se transforme em escravidão sem que a “vítima” se dê conta disso. E tem muita gente que aceita qualquer contingência num emprego malfadado, apenas para não perder as mordomias da vida.

Alguns amigos paulistanos não se conformam com a quantidade de viagens que faço por ano (no último ano foram quatro meses graças também, é claro, à minha vida de freelancer). “Você está milionária?”, me perguntam eles, que têm sofás (em L, óbvio) comprados na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, TV LED último modelo e o carro do ano (enquanto mal têm tempo de usufruir tudo isso, de tanto que ralam para manter o padrão).

É muito mais simples do que parece. Limpo o meu próprio banheiro, não estou nem aí para roupas de marca e tenho algumas manchas no meu sofá baratex. Antes isso do que a escravidão de um padrão de vida que não traz felicidade. Ou, pelo menos, não a minha. Essa foi a maior lição que aprendi com os europeus que viajam mais do que ninguém são mestres na arte do savoir vivre e sabe muito bem como pilotar um fogão e uma vassoura.

PS: Não estou pregando a morte das empregadas domésticas que precisam do emprego no Brasil, a queima dos sofás em L e nem achando que o “modelo frugal europeu” funciona para todo mundo como receita de felicidade. Antes que alguém me acuse de tomar o comportamento de uma parcela da classe média alta paulistana como uma generalização sobre a sociedade brasileira, digo logo que, sim, esse texto se aplica ao pé da letra para um público bem específico. Também entendo perfeitamente que a vida não é tão “boa” para todos no Brasil, e que o “problema” que levanto aqui pode até soar ridículo para alguns por ser menor. Minha intenção, com esse texto, é apenas tentar mostrar que a vida sempre pode ser menos complicada e mais racional do que imaginam as elites mal-acostumadas no Brasil

09 agosto, 2011

Arrume a mochila....Move , Learn ,Eat

Move – Learn – Eat


von Clemens Poloczek · 04.08.2011 · Video

3 Jungs, 44 Tage, 11 Länder, 18 Flüge, 38.000 Meilen, ein ausgebrochener Vulkan, 2 Kameras und fast ein Terabyte Filmmaterial. Rick Mereki, Tim White und Andrew Lees waren 6 Wochen lang auf Weltreise und haben die ganzen Eindrücke in die drei Kurzfilme ‘Move’, ‘Learn’ und ‘Eat’ gepackt. Das Ergebnis ist wirklich beeindruckend und am liebsten würde ich jetzt sofort meine Koffer packen und zum Flughafen fahren.
http://www.ignant.de/2011/08/04/move-learn-eat/

29 julho, 2011

sucesso, fracasso e perfeccionismo

Alguns pensam que perfeccionismo é virtude, mas não é. É garantia de sofrimento, já que a perfeição é inatingível.
Os perfeccionistas sofrem porque não importa o quanto se esforcem, terminam constatando que não alcançaram a “perfeição”. Se, ao invés dessa meta inalcançável, estivem buscando a excelência, certamente se sentiriam mais fortes, motivados e capazes. Isso porque a excelência de cada coisa, projeto ou objetivo é definida levando-se em consideração as condições prévias, os recursos existentes, o prazo disponível, o grau de experiência e competência, os apoios possíveis, dentre outros fatores que influenciam todo e qualquer resultado.
 Por outro lado, ao se definir a perfeição de algo, desconsideram-se o contexto, o momento, as possibilidades e limitações. Não é algo inteligente de se fazer, portanto.
Dentre os efeitos colaterais do perfeccionismo destaca-se a “ansiedade de desempenho”.
A obsessão pelo sucesso e o medo de fracassar não ajudam a pessoa a avançar, crescer e conquistar o que almeja, mas sim, interferem negativamente como uma profecia auto-realizadora.
Para se libertar dessas amarras, é preciso buscar a nossa própria definição pessoal de “sucesso” e “fracasso”.
 Embora todos acreditem “pensar com a sua própria cabeça”, a verdade é que a maioria de nossos modelos mentais é construída sobre crenças e conceitos que absorvemos de modo inconsciente da cultura em que estamos imersos.
O primeiro passo, portanto, é questionar cada uma das premissas sobre as quais nosso modelo mental de sucesso e fracasso se baseia.

Ao refletir profundamente, você descobrirá que só existem três possíveis fracassos na vida:
1. NÃO TENTAR - Quando você está com tanto medo de errar ou perder que decide que é melhor desistir, mesmo sem haver tentado.
2. DESISTIR - Quando você tenta um pouco, por algum tempo, percebe que o seu sonho é desafiador, e então decide que será mais fácil mudar de sonho, ao invés de lutar por ele. (É claro que há situações nas quais você já fez todos os esforços para atingir uma meta, já tentou todas as estratégias e, após uma cuidadosa avaliação, decide estabelecer uma nova meta para si mesmo. Isto não é desistência!).
3. NÃO APRENDER COM AS TENTATIVAS E ERROS - É preciso perguntar-se, sempre: “o que posso aprender dessa experiência? Que lições posso extrair dessa dificuldade?” Quando não se faz esse tipo de questionamento, o passar do tempo acarreta apenas no aumento da idade, e não no amadurecimento.
Maturidade provém da reflexão e do auto-conhecimento, não do envelhecimento.
Quem compreender esses fatos, nunca se sentirá um fracassado na vida.
Mesmo se houver tentado tudo o que podia e tudo tiver saído “errado”, saberá que tudo isso foram TENTATIVAS, e não fracassos.
Entenderá também que fracassar em uma situação específica não significa, de modo algum, ser um fracassado (por inteiro)!
Tentar conscientemente é aprender. E aprender traz experiência.
A experiência nos prepara para não repetir os mesmos erros.
Então, cometem-se outros erros, que vão ensinar novas lições.
Os erros que a gente comete nesta vida costumam ser mais lembrados do que os acertos.
Nada de novo sob a ótica de que rir das fraquezas alheias é uma atitude humana. Mas não precisávamos ser tão humanos assim.

Se perdoe!

as emoções não mudaram com a modernidade...

Parece tão óbvio mas porque não pensei nisso antes:
Toda decisão está sujeita a erros; mas através da experimentação se consegue avançar e aprimorar o modo de pensar. O indeciso evolui pouco.
A indecisão também se manifesta de forma clara nos que não gostam de assumir a responsabilidade por seus atos: a escolha pode estar errada!
Em muitas situações a dúvida e a indecisão se justificam: é o que acontece quando há dilemas em que os prós e os contras estão equilibrados.
A preguiça não é a causa; é a consequência da falta de interesses, da incapacidade de lidar com dores, fracassos e de sacrificar o presente.
Às vezes penso que a intolerância a frustrações tem aumentado a ponto de certas pessoas não tolerarem a idéia de terem que renunciar a algo. F.Gikovate
Como diz Lya Luft: quando alguém resolve não pagar mais o altíssimo tributo da acomodação, mas construir e viver sua história, está pela primeira vez para si mesmo dizendo SIM...... sim a felicidade que requer soma, paciência, conquista ,parceria, esforço e dedicação.

25 julho, 2011

Elsa & Fred

posso assistir n vezes, sempre rirei muito bem como me emocionarei diante dessa velhinha e sua paixão pela alegria de viver..... é contagiante!

- Elsa.
- O que esqueci dessa vez?
- Isto. Se precisa do dinheiro. Não, não posso aceitar.
- Sua filha foi grossa comigo.
- Não ligue para Cuca. ela é temperamental, mas é boa.
- Cuca?
- Sim. Seu nome é Alicia, mas nós a chamamos de Cuca.
- Não posso.
- Tome. Fique com o cheque e pague quando puder. Darei o dinheiro para a minha filha, vai acalmá-la. O mais importante no momento são seus netos.
- Você é um anjo. Diferente da Cuckoo. Sei que foi uma piada de mau gosto. E você não gostou. Não quis ofender.
- Tudo bem.
- Alfredo. Obrigada.
“ A filha deve ter puxado a mãe...pois este viúvo é um charme.”
_______________________________________
Nunca foi feliz com ele?- No início, talvez. Mas não por muito tempo. Foi culpa dele. E você? Qual foi a coisa mais ousada que já fez?- Ousada? Não sei. Fiz muitas coisas. Mandei Cuca para a universidade... dei uma vida confortável à minha esposa. Vivi para a minha família. Tinha um bom trabalho. Quarenta anos trabalhando para a mesma empresa. Telefonica.- Como pôde ficar 40 anos no mesmo lugar? E você deu muitas risadas?- Que pergunta!- Não, é uma pergunta muito pessoal.- Acho que não. Que pena. - Mas ainda tem tempo. Ainda tenho tempo. Primeiro fique perto de mim... como vizinha, como amiga... Tanto faz. Sei que vai voltar a rir de novo.

_______________________________________- Sexta-feira esqueci de tomar o comprimido verde.- Por quê? Algum amor novo tão tarde na vida, talvez? Sério?- Bem, só estamos começando. Eu diria que estamos no ponto em que chamaria de uma "rara amizade".

- Quantos anos ele tem?- Não sei, 27, 28. Ele tem 78. Mas é impecável. Um pouco. Não sei....Um pouco opaco.
- Opaco?- Sim, opaco. Um tipo contido. De uma vida inteira fazendo as coisas certinhas. Muito chato, sabe? Nunca cometeu um deslize. Nunca se meteu numa encrenca. E ele adora ser doente.- Não creio que ele gosta disso.- Doutor. (...) Ele vive falando da morte.
Vou fazer aquele dinossauro viver, doutor.

18 julho, 2011

Terminal de cargas....

"Você acredita que carrega malas alheias? Vamos fazer um exercício? Como você reage quando seu filho não quer fazer a lição? Ou quando alguém não consegue arrumar a própria mala para a viagem de férias, perde a hora do trabalho com frequência, gasta mais do que ganha... e muitas coisinhas mais que vão fazendo você correr em desvario para tapar buracos que não criou e evitar problemas que não afetam sua vida diretamente?
Não afetam a sua vida, mas afetam a vida de pessoas queridas, então, você sai correndo e pega todas as malas que estão jogadas pelo caminho e as coloca no lombo (lombo aqui cai muito bem, fala a verdade) e a sua mala, que é a única que você tem a obrigação de carregar, fica lá, num canto qualquer da estação. Repetindo, a sua mala, que é a única que você tem obrigação de carregar, fica lá jogada na estação!
Temos uma jornada e um propósito aqui neste planeta e quando perdemos o foco, passamos a executar os propósitos alheios.
A estrada é longa e o caminho muitas vezes nos esgota, pois o peso da carga que nós nos atribuímos não é proporcional à nossa capacidade, à nossa resistência e o esgotamento aparece de repente. Esse é o primeiro toque que a vida nos dá, pois, quando o investimento não é proporcional ao retorno, ou seja, quando damos muito mais do que recebemos na vida, nos relacionamentos humanos ou profissionais, é porque certamente estamos carregando pesos desnecessários e inúteis.
Quando olhamos para um novo dia como se ele fosse mais um objetivo a cumprir, chegou a hora de parar para rever o que estamos fazendo com o nosso precioso tempo. O peso e o cansaço nos tornam insensíveis à beleza da vida e acabamos racionalizando o que deveria ser sacralizado.
É o peso da mala que nos deixa assim empedernido. Quanto ela pesa? Quanto sofrimento carregamos inutilmente, mágoa, preocupação, controle, ansiedade, excesso de zelo, tudo o que exaure a nossa energia vital. E o medo, o que ele faz com a gente e quanta coisa ele cria que muitas vezes só existe dentro da nossa cabeça? Sabe que às vezes temos tanto medo de olhar para a própria vida que preferimos tomar conta da vida dos filhos, do marido, do pai, da mãe... e a nossa mala fica na estação...
O momento é esse, vamos identificar essa bagagem: ela é sua? Ótimo, então é hora de começar uma grande limpeza para jogar fora o lixo que não interessa e caminhar mais leve.
Agora, se o excesso de peso que você carrega vem de cargas alheias, chegou a hora de corajosamente devolvê-las aos interessados.
Não se intimide, tampouco fique com a consciência pesada por achar que a pessoa vai sucumbir ao fardo excessivo. Ao contrário, nesse momento você estará dando a ela a oportunidade de aprender a carregar a própria mala.
A vida assim compartilhada fica muito mais suave, pois os relacionamentos com bases mais justas e equânimes acabam se tornando mais amorosos, sem cobranças e a liberdade abre um grande espaço para a cumplicidade e o afeto.
Onde está a sua mala?"

11 julho, 2011

O que te faz feliz?

É certo que é romântico uma pessoa estar apaixonada. Mas numa proposta concreta há romance?

Segundo Oscar Wilde a própria essência do romance é a incerteza.

A certeza de termos alguém mata o desejo que sentimos em tê-la(o) conosco realmente, porque tudo já nos é certo e não sentimos que a(o) podemos perder tão facilmente?

E será que o caminho é ter, não é ilusão achar que se tem ao outro?

Se somos plenos buscamos um amor que liberta , uma parceria; não um aprisionamento disfarçado em juras de paixão eterna.

Então amamos mais o desejar que o objeto do nosso desejo???

O objetivo para o qual o princípio do prazer nos impele — o de sermos felizes — não é atingível; contudo, não podemos ou melhor, não temos o direito de desistir do esforço da sua realização de uma maneira ou de outra.

Caminhos muito diferentes podem ser seguidos para isso; alguns dedicam-se ao aspecto positivo do objetivo, o atingir do prazer; outros o negativo, o evitar da dor.

Por nenhum destes caminhos conseguimos atingir tudo o que desejamos. . Não há uma receita .......

Toda a espécie de fatores influencia nossa escolha. Depende da quantidade de satisfação real que encontrarmos no mundo externo, e até onde acha necessário tornar-se independente dele.

Por fim, na confiança que temos em si próprio; do  poder de se modificar conforme os próprios desejos.

Freud era visionário....

07 julho, 2011

To feel so good

...... tinha que ser com a música  de Madeleine Peyroux esse doce  Déjà Vu


To Love you all over again - Madeleine
http://youtu.be/5D_smyiIiLU

03 julho, 2011

Um século

A juventude é um tesouro que podemos ter em todas as idades.
Se o pensamento é que faz o homem ser o que é, nós somos o que pensamos. Teremos a  juventude enquanto pensarmos como jovem. Só perdemos a juventude quando perdemos o interesse pela vida, quando deixamos de sonhar, de querer alcançar novos horizontes, quando nos fechamos a novas experiências, a coisas novas.
 Não deixe que seu espírito envelheça;ele é mais importante que sua aparência!
Quando percebo a lucidez de compreensão em seu olhar ,  observando sua serenidade em uma das despedidas mais difícil de nossas vidas ,entendi a riqueza das diferenças entre cada ser humano, não que ser diferente seja ser estranho, ou esquisito. Quer dizer que você é normal , feliz,e único para o universo.
Na sua trajetória centenária já tiveste tempo e oportunidades para vivenciar inúmeras alegrias e dissabores ; se posicionando sem receio em suas decisões,  brilhantes ou não, pouco importa.
Assustador é aceitar quando o" fim "está próximo, sua parceira fez a passagem há poucos dias, você viu de perto o quanto ela resistiu e  vendo a lutar contra a morte por quase um mês pensei que apesar de sacrificada e dura que tenha sido sua vida, ela queria ficar. Você deve ser um dos motivos fortes que ela tinha para não  partir , de um jeito diferente, vocês tinham um ao outro para se apoiar, ela viveu por 92 anos, você já passou pelos 100.
Sem impor suas convicções , seguem deixando seu  legado; de como a encarar a vida: amando, rindo, chorando , nunca sendo vítima,  sempre ciente das suas falhas, da sua parte de  responsabilidade nas derrotas; celebrando suas conquistas.
Agora quando as lágrimas descem e você sela o último beijo na sua parceira ; nos presenteia com um doce presente:  o agradecimento pela chance de ter vivido plenamente.

02 julho, 2011

Aqui - Ana Carolina

http://youtu.be/fl0qz_mhg_A
Eu nunca disse que iria ser
A pessoa certa pra você
Mas sou eu quem te adora
Se fico um tempo sem te procurar
É pra saudade nos aproximar
E eu já não vejo a hora

Eu não consigo esconder
Certo ou errado, eu quero ter você
Você sabe que eu não sei jogar
Não é meu dom representar
Não dá pra disfarçar
Eu tento aparentar frieza mas não dá
É como uma represa pronta pra jorrar
Querendo iluminar
A estrada, a casa, o quarto onde você está
Não dá pra ocultar
Algo preso quer sair do meu olhar
Atravessar montanhas e te alcançar
Tocar o seu olhar
Te fazer me enxergar e se enxergar em mim

Aqui
Agora que você parece não ligar
Que já não pensa e já não quer pensar
Dizendo que não sente nada
Estou lembrando menos de você
Falta pouco pra me convencer
Que sou a pessoa errada

Eu não consigo esconder
Certo ou errado, eu quero ter você
Você sabe que eu não sei jogar
Não é meu dom representar
Não dá pra disfarçar
Eu tento aparentar frieza mas não dá
É como uma represa pronta pra jorrar
Querendo iluminar
A estrada, a casa, o quarto onde você está
Não dá pra ocultar
Algo preso quer sair do meu olhar
Atravessar montanhas e te alcançar
Tocar o seu olhar
Te fazer me enxergar e se enxergar em mim

16 junho, 2011

Esse seu olhar

  "Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces..." Vinícius de Moraes
  "Ai que bom que isso é meu Deus...que frio que me dá o encontro desse olhar" Vinícius de Morais

   "Este seu olhar quando encontra o meu                                                    
    Fala de umas coisas
    Que eu não posso acreditar...   
     ah! se eu pudesse entender
    O que dizem os seus olhos  "       Tom Jobim
 
 
...o olhar  não precisa de palavras,  não precisa de cultura , não necessita de assertividade , e ele  revela a quem sabe apreciar os desejos e sentimentos despidos de qualquer máscara.
...podemos ver isso quando fazemos mudanças, elas  fazem milagres por nossos olhos,... é no olhar que se reflete o brilho da tal juventude eterna.
..".um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião plástico  a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho"'
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

13 junho, 2011

Escolhas

É impossível vida com satisfação total. Vida é tensão!!
Já que a vida é incongruente mesmo com quietude,  tentar entender  a dimensão desta complexidade que é nosso funcionamento psíquico ajuda a aliviar nossos questionamentos.
Como identificamos que algo é felicidade sem o quadro sombra do que "não é felicidade"?
Será então que o valor da vida está ligado ao valor da escassez de outrora?
Shakespeare já dizia que nada seria pior na vida que uma sucessão de belos dias, então analise com mais  maturidade para não  acreditar que a vida real é como propaganda de doriana, que casamento é fotografia  com rostos sorrindo num porta-retrato, que trabalho é fonte eterna de prazer, ou  que para todas as outras coisas existe Mastercard....
...satisfação total, como pensar isso no mundo de hoje?
Somos convidados a sermos felizes e temos que escolher zilhões de coisas desde a hora que acordamos até dormimos.
Temos uma infinidade de opções- haja sujeito para poder regular tudo isso e não cair no abismo, por isso é que a depressão aumenta tanto.
Se as tensões são bem distribuídas isso da uma sensação de bem estar, é preciso um dique para dar vazão a tantas decisões, algo que represente esse psiquismo, por isso a palavra é tão importante.
Se há angústia é sinal que o sujeito precisa tomar uma providência, Lacan já dizia que o desejo de caminhar é o melhor remédio para a angústia.
Tem pessoas que apresentam quadros de dispnéia - se queixam de falta de ar- mas na verdade é a impossibilidade de colocar o ar para fora; a  angústia é a mesma coisa: as vezes temos decisões dolorosíssimas e quando tomadas dão um alívio....
Sem um regulador,a tarefa de viver seria impossível, ficaríamos submetidos a essa força demoníaca de satisfação de desejos e mais desejos, que só quer saber de satisfação total,  óbvio que surgirão problemas na certa; é o que ocorre com o compulsivo; ele  não consegue- não se contenta com o prazer como princípio, para eles o que está em jogo é apenas o gozo.
A saída é o equilíbrio entre o princípio da realidade e o princípio do prazer, não deixar a gangorra despencar para nenhum  dos lado é sinal de maturidade.

Oráculo

"Entender o que é muito importante para si mesmo e para o outro.
Aceitar o que deve ser aceito ( isto é um processo)
Abnegar de certos desejos, pois os relacionamentos requerem abnegação. E como diz a Bia, nós somos poços de desejos doidos e nem sempre eles nos levam a algum lugar que valha a pena. Eu abnego do meu desejo incontrolável de pegar no colo meus gordos(coelhos) e ficar enchendo eles de beijos (heheheh).
Aprender a Perdoar o que deve ser perdoado.
Nada disto é fácil e nem tampouco rápido, é uma prática constante. O que me chateia é a gente ver as pessoas só reclamando dos seus relacionamentos longos, e se os fazem longos, culpam a religião, por sua incapacidade de mudar tudo isto e fazer diferente.
E por outro lado, quando se age tentando sinceramente, a cada dia tentando entender, aceitar, abnegar e perdoar, existe uma ligação que se cria, muito profunda, verdadeira e cúmplice que vale a pena.
Vale muito a pena.
Hoje eu acredito que em tendo PARÂMETROS bons de escolha, a escolhida ou o escolhido, valeram a pena, entendem?
 E se alguém vale a pena, a parte dois que é o processo todo, por mais difícil que seja, também vale a pena. " Suca.
Porque haverão dias que esse assunto será a tona ...

07 junho, 2011

As separações

Recentemente li uma boa explicação sobre o medo que temos da morte; no fundo o que assusta nela são três fatores: o desconhecido que é sempre amedrontador;  a resistência a abandonar a vida, o que é próprio dos instintos; e é claro a passagem, o cross over,  que pode estar carregada ou não de sofrimento.
Particularmente penso que os que valorizam em demasia apenas o lado material neste universo, sofrem ainda mais nesta despedida de morada, porque afinal a vida continua de uma outra forma.
 Com uma dose de humor já disseram: acredito que a vida e a morte sejam, ambas, boas. O problema é a transição.
É assim ; sorrir e pensar , simbolizam o encontro das qualidades que nos fazem verdadeiramente humanos - a razão e a emoção, a morte coloca as duas para trabalhar ao mesmo tempo.
Ninguém está livre de sofrer com separações, a não ser que se condene a não estabelecer relações!
 E quem mais padece com despedidas são as pessoas que mais fazem amigos, que mais colocam seu afeto à disposição do outro. Se me fosse dado escolher, preferiria ter sofrido ainda mais por ter tido mais despedidas de pessoas que foram importantes, mas que me deixaram porque eram ainda mais importantes para si mesmas, e precisaram seguir seus rumos.
Na despedida vivemos a lógica cruel de aceitar o afastamento com a cabeça, mas de negar com o coração.

"Só tem vampiro porque tem que dê o pescoço"

Inteiros que se aproximam e se amam não se sentem donos do outro pelo simples fato de os amarem. Não existem os direitos de mandar e desmandar no outro apenas porque há o elo amoroso. Inteiros que se sentem insatisfeitos podem ir embora. Este é o ganho nos tempos modermos, pois não há mais lugar para abusos e dominações.
Assim, sem que tenhamos percebido, a capacidade de conceder que caracteriza as pessoas generosas tem diminuído em virtude de elas poderem ficar melhor consigo mesmas. Passam a pretender parceiros mais delicados, mais preocupados com o direito delas, menos egoístas.
Assim, egoísmo e generosidade estão saindo da moda. Sim, porque se o generoso quer que se preste atenção nele e nos seus desejos de ser generoso e está se encaminhando na direção do senso de justiça. Com isto não haverá mais lugar para o egoísmo que só existe porque há generosidade.?? Pode ser, não tenho tanta certeza desta correlação.
 O que tem acontecido? Inteiros se aproximam, se “curtem” , estabelecem elos onde há preocupação permanente em agradar o outro ao mesmo tempo que não abrem mãos de seus direitos individuais.
A palavra-chave desta nova e mais sofisticada forma de amar é a mesma que sempre e existiu nas amizades: respeito.

04 junho, 2011

Percepção ...a nossa visão limitada do entender

O homem, por ter percepção do tempo, preocupa-se com o futuro e insiste em acumular.
Estoca comida, guarda coisas, economiza dinheiro e sonega até mesmo  afeto, como se ele fosse fazer falta mais tarde. Ou não se deparou em algum momento com "pessoas geladeiras" , tão frias que parecem icebergs ambulantes.
Prevenir o amanha está certo, mas depende do grau, pois haverá um momento em que a virtude da previsão  começa a transformar se no pecado da avareza.
O insitnto físico da sobrevivência precisa ser equilibrado com o instinto maior da generosidade, uma vez que este vai além do individual, abrange o coletivo e potencializa ainda mais a sobrevivência, não apenas do corpo , mas também da alma.
De maneira lógica essa percepção esbarra no auto-conhecimento, o qual  é extremamente difícil, porque é um processo racional no qual temos que entender como funciona nosso próprio eu. Numa metáfora atual, é como se um computador tivesse que aprender a maneira como foi construído, coisa que tem que correr em paralelo com sua utilização cotidiana.
A situações, objetos e também a sensações que aprendemos , desde crianças, a associar palavras que constituíram a linguagem como parte do processo de utilização de sua razão. Depois de termos guardados na memória um número razoável de situações, objetos e sensações  e seus respectivos nomes, ou seja, palavras que os representam , podemos nos aperceber com facilidade das condições em que elas se repetem. Assim, somos capazes de “reconhecer” objetos, situações e correlacionar objetos entre si, objetos ou situações com emoções, etc.

Junto com este primeiro avanço maior se cria o primeiro problema sério. É o seguinte: e se estabelecermos correlações que não correspondem aos fatos reais?
E mais: como saber quais as correlações realmente certas e aquelas equivocadas? Aquilo que se chama de lógica , percepção.... foi um esforço no sentido de se sistematizar um conjunto de regras capaz de reduzir ao mínimo a margem de erro nas correlações.
Apesar de estar sujeita a graves erros essa é também a via usual das mais importantes descobertas; o objetivo de se encontrar os meios de provar aquilo que, por intuição, já se sabia desde o início; entretanto faz se imprescindível escutar a própria intuição sem se influenciar pela cartilha alheia.

31 maio, 2011

Bom humor e gratidão

"A Ciência de Freud, o humor de Woody Allen, a lógica de Epicuro: todos estão certos.
Errados estamos nós que sofremos pelo que não controlamos, por estarmos acostumados a pensar que somos deuses ,que a razão nos fornece o controle, que a vontade é infinita.
De repente descobrimos nossas limitações e nos desesperamos.
Eu e você morreremos,sim é inevitável, e está certo.
O errado é morrer antes de morrer, é desistir, é não encarar a vida com humor e gratidão, é perder a oportunidade de deixar este mundo melhor com a própria presença."EM.

28 maio, 2011

Amizade

Artigo de Flávio Gikovate
"Venho ensaiando escrever sobre a amizade há pelo menos vinte anos, sem coragem de dar seguimento a esse antigo projeto. Percebi que se trata da mais bem-sucedida forma de interação entre as pessoas, de uma fonte de prazeres e alegrias enormes e geradora de tensões e elementos negativos mínimos.
A primeira questão – e, talvez, a mais importante – está relacionada à seguinte dúvida: seria a amizade uma versão adulta e sofisticada do amor, ou um fenômeno inteiramente diferente?
Como regra, achamos interessantes aquelas pessoas que desenvolvem maneiras de ser e de racionar sobre todos os assuntos similares às nossas em muitos aspectos. Não só achamos graça como nos sentimos muito próximos delas. Aqui, a sensação de integração não se origina de um processo físico, como acontece no amor – ou mesmo na integração com a pátria ou com o universo. Ela deriva de uma intimidade intelectual, de afinidades na maneira de pensar e de sentir a vida.
Nas amizades, a ponte que permite que duas criaturas individuais e solitárias se sintam integradas surge graças à facilidade com que elas se comunicam. É extraordinário o prazer que sentimos quando temos a impressão de que aquilo que o outro está entendendo corresponde exatamente ao que estamos dizendo. Temos a impressão de não estarmos sós neste mundo. O prazer que experimentamos ao conversar com nossos amigos – definidos assim de modo rigoroso, sem nada a ver com os diversos conhecidos que temos – é enorme; não raramente maior do que o que sentimos ao conversar com nossos parentes e com o nosso objeto de amor que, como disse, corresponde a uma escolha mais relacionada com outros processos.
Como as amizades referem-se a processos essencialmente adultos, não são contaminadas, a não ser de modo muito superficial, pelas penosas emoções possessivas e ciumentas. Podemos ter mais de um amigo íntimo. Gostar de um não significa deixar de gostar do outro. O respeito pelos direitos individuais e pelo modo de ser do amigo é a tônica. A inveja, quando existe, está sob controle, pois, mais do que tudo, queremos que nossos amigos prosperem; não tememos que isso nos afaste deles, como costuma acontecer nas relações amorosas, em que o progresso do amado é sempre uma enorme ameaça à estabilidade da relação.
A amizade é fenômeno essencialmente intelectual. Pode perfeitamente existir entre pessoas que não tenham interesse sexual um pelo outro. Ela é até mesmo mais comum entre pessoas do mesmo sexo, em que as afinidades mentais, talvez, sejam mais comuns. Agora, por puro preconceito, mesmo nos tempos atuais, em que o erotismo tende a se expressar de modo mais livre, não pensamos em intimidades sexuais entre amigos. Da mesma forma, é fácil imaginar que as relações que se iniciam como amizade podem evoluir para um namoro ou mesmo para um casamento. A idéia de que o amor é coisa muito mais rica do que a amizade é, a meu ver, antiga.
 Afinidades intelectuais e semelhanças de gostos e interesses terão de ser parte essencial de todos os relacionamentos mais íntimos."

O íntimo dos animais

Já escrevi aqui sobre o fascínio que tenho pelos animais ,seus hábitos e comportamentos, já publiquei vídeos, crônicas e fotos destes seres tão especiais. Já li ,ouvi diversos relatos de fidelidade e companheirismo de animais para com seus donos, a mais recente  um cão vira-lata que foi arrastado para longe de sua casa no Alabama quando um tornado atingiu a cidade de North Smithfield e mesmo com duas patas quebradas e a saúde debilitada conseguiu retornar para sua casa; sendo encontrado pela sua família quando esta revirava o local em busca de alguns pertences.
 E tantas outras como o gato que foi encontrado próximo ao túmulo de seu dono,  o papagaio que na tentativa de salvar sua dona, foi cruelmente morto por ladrões que assaltavam a casa  desta senhora, rompendo uma convivência com esta de 38 anos;  o cão Akita que esperou seu dono já falecido por 10 anos numa estação de trem no Japão e inúmeros outros casos de dedicação, fidelidade e amor para com seus criadores.
Muitos vão explicar este comportamento como instinto de sobrevivência e até certo ponto há muita lógica nesta explicação mas o que quero dizer e despertar nos corações  humanos é que temos muito a aprender com estes animais.
Durante esta semana algo mexeu muito comigo, tudo bem sou sensível a beça.... o fato é que durante  minha rotina diária de pegar o carro e sair para almoçar numa padaria que fica uns dois kilômetros do trabalho , observei que havia um cão perambulando pelo  estacionamento .
Desconfiado, arredio, viver nas ruas não é tarefa fácil , resolvi chamá-lo e após me abaixar e insistir ele se aproximou; consegui afagá-lo por alguns minutos;  me senti emocionada porque os olhinhos daquele cão brilharam de uma forma muito diferente de instantes atrás, e o olhar de um cão assim como o de uma pessoa é o reflexo da alma, e é muito , muito triste quando você sente alguém ou um animal próximo com esse olhar de súplica .
 Não dá para ser indiferente e nunca quero ser assim ainda bem, porque prefiro chorar diante da impotência de não poder ajudar a todos a ser uma pedra e egoísta a ponto de só enxergar o próprio umbigo.
Bom mas tinha que ir embora, entrar no carro e deixar meu novo " amigo caramelado" por lá , só não imaginava que ele me seguiria como um louco perseguindo o carro por vários, vários quarteirões....
Não alimentei aquele cão, apenas o afaguei!!
Dá para entender a importância do carinho em nossas vidas?
Dá para entender que todos somos carentes de algo em algum momento?
Dá para entender  o íntimo daquele vira-lata que por alguns instantes foi querido?
Sabia que não poderia recolher aquele cão, já tenho dois vira-latas abrigados no pátio de meu trabalho que encontrei na rua em condições bem degradantes.
Reduzi a velocidade do carro , afinal correr por quarteirões íngremes sem parar ;mesmo para um cão não é tarefa fácil... e na minha mente os planos eram que se ele chegasse até meu trabalho o alimentaria com um pouco de ração e água fresca.
Infelizmente no meio do caminho passamos por um quarteirão lotado de outros cães vira-latas , meu amigo caramelo foi deveras mal recebido por seus companheiros,  se assustou( como disse meu pai em terra de pintinho quem canta é o galo ) e fugiu tomando a direção oposta de onde íamos.
Não pude alimentar seu estômago como planejava , recorri a São Francisco que o protegesse porque tive uma das demonstrações mais verdadeiras de companheirismo.
Jamais esquecerei  o Caramelo e o que me ensinou naquela tarde.

"Haverá um dia em que o homem conhecerá o íntimo dos animais.
 Neste dia um crime cometido contra um animal será considerado um crime contra a própria humanidade" Leonardo Da Vinci

20 maio, 2011

Colagem...

Encontrei este artigo do Flávio Gikovate num livro antigo, o recorte de jornal amarelou de tão antigo , entretanto o conteúdo do texto permanece bem atual.

18 maio, 2011

Elvis Presley - Suspicious mind

https://www.youtube.com/watch?v=AWRo6C_HcEo&feature=player_embedded

We're caught in a trap
I can't walk out
Because I love you too much baby

Why can't you see
What you're doin' to me
When you don't believe a word I say?

We can't go on together
With suspicious minds
And we can't build our dreams
On suspicious minds


So, if an old friend I know
Drops by to say hello
Would I still see suspicion in your eyes?

Here we go again
Askin' where I've been
You can't see these tears are real
I'm cryin' (Yes, I'm cryin')

We can't go on together
With suspicious minds
And we can't build our dreams
On suspicious minds

Oh let our love survive
Ah dry the tears from your eyes
Let's don't let a good thing die

When honey, you know
I've never lied to you
Yeah, yeah
We're caught in a trap
I can't walk out
Because I love you too much baby

Why can't you see
What you're doin' to me
When you don't believe a word I say?

Now don't you know I'm
Caught in a trap
I can't walk out
Because I love you too much baby

17 maio, 2011

O que te faz feliz?

Descobrir mais um paraíso nessa linda morada chamada Terra, lá pelos lados de Madagascar, no Oceano Índico estão elas as Ilhas Seychelles.
 O arquipélago tem 115 ilhas, sendo que várias delas são de granito; a propósito todas as outras ilhas oceânica do planeta são  feitas de corais ou resultantes de explosões vulcânicas.  Um detalhe singular porque isso significa que este arquipélago é remanescente geológico de Pangeia, o megacontinete que há 600 milhões de anos, explodiu e deu origem aos continentes atuais; ....amazing !!
O resultado é uma exuberante combinação de flora e fauna que não se conhece em nenhum outro lugar no mundo, tais como o papagaio negro , o santuário das tartarugas gigantes e os coqueiros que produzem cocos com mais de 40 kilos; tudo regado a areia mais alva que a bandeira da paz e água azul transparente que enobrece não só o Índico mas a alma.

13 maio, 2011

Para ler e reler sempre

Uma carta de Clarice Lispector


Berna, 02 de janeiro de 1947.
Querida,

Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso – nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que eu queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias.

Depois que uma pessoa perder o respeito a si mesma e o respeito às suas próprias necessidades — depois disso fica-se um pouco um trapo.Eu queria tanto, tanto estar junto de você e conversar e contar experiências minhas e de outras pessoas. Você veria que há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Eu mesma não queria contar a você como estou agora, porque achei inútil

(...)

Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo o interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? Assim fiquei eu… em que pese a comparação… Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões – cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. Espero que você nunca me veja assim resignada, porque é quase repugnante.

(…)

Uma amiga, um dia, encheu-se de coragem, como ela disse, e me perguntou: “Você era muito diferente, não era?”. Ela disse que me achava ardente e vibrante, e que quando me encontrou agora se disse: ou essa calma excessiva é uma atitude ou então ela mudou tanto que parece quase irreconhecível.
Uma outra pessoa disse que eu me movo com lassidão de mulher de cinquenta anos. Tudo isso você não vai nem sentir, queira Deus. Não haveria necessidade de lhe dizer, então. Mas não pude deixar de querer lhe mostrar o que pode acontecer com uma pessoa que faz um pacto com todos, e que se esqueceu de que o nó vital de uma pessoa deve ser respeitado.
Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você – respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você – pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita – não copie uma pessoa ideal, copie você mesma – esse é o único meio de viver.
Juro por Deus que se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia – será punida e irá para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não será punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige.
 Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Espero em Deus que você acredite em mim. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Isso seria uma lição para mim. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade de alma.
 
Tua Clarice.

Carta compartilhada por minha querida, ex-chefe e filósofa, Suca.Adorei o presente!

10 maio, 2011

Reciclagem pessoal , transformando seu próprio lixo

Tem um clichê bem conhecido sobre o  perdão que diz o seguinte:"não perdoar é como ingerir veneno e esperar que  o outro morra envenenado", só parar para pensar que quando realmente não gostamos de alguém ou melhor quando realmente odiamos determinando indivíduo estamos nos envenenando porque aquela idéia fixa ruim não sae de nossa mente e pronto lá se foi a paz de espírito, não é?
O problema é que ninguém, ninguém mesmo tem a personalidade tão estruturada a ponto de só receber influências positivas e ser refratário àquilo que não convém, que faz sofrer ou nos prejudica, felizmente alguns de nós já buscam essa competência emocional com o auxílio da psicologia; leva tempo, requer mudança de postura e avaliação de pré -conceitos, depende de maturidade e certa dose de sabedoria para nos livrarmos da tirania do outro.
Mas quem aprende a lição sabe que construir relações humanas adequadas, que têm o que nos acrescentar, nos ajudam na formaçãod e uma personalidade mais sadia.Vale lembrar que as pessoas com quem nos relacionamos são fonte permanente de influência e não temos como nos esquivar disto, a questão é que todos queremos fazer mudanças no mundo e nos outros de tal modo que o universo de adeque a nosso projetos pessoais; normal??,  só tem um detalhe; cada pessoa tem seu próprio projeto e é nisso que reside boa parte de todos os conflitos; daí a idéia de que o inferno são os outros
Em resumo não temos uma capa refratária e vamos cedo ou tarde nos deparar com  pessoas que se consideram o dono da verdade e que achem estranho quem não pensa como elas, ou seja são intransigentes,  intolerantes....conheço várias e quero distância delas!!
Aprendendo e desaprendendo, estamos sempre num movimento de construção da realidade, que não é estática (de novo o pré-conceito), então a sacada é transormar estes estímulos  em forças construtivas e sempre se reinventar.

09 maio, 2011

Carne de Inverno

ainda é outono, a minha estação favorita e com o friozinho do final de tarde essa carne com pure de batata e uma taça de vinho é deliciosamente acolhedor.

700 gr músculo
farinha de trigo, sal grosso, pimenta
Passar os cubos nessa mistura e fritá-los no azeite.
Tirar os cubos da panela, e dourar na mesma uma cebola, 2 dentes de alho, 4 talos de salsão, refogar e depois colocar tudo na panela de pressão com uma cenoura em fatias, acrescentar 1 copo e meio de vinho e cozinhar.
Depois de cozido, acrescentar um pacote de mini cenourinhas, deixar no fogo por mais 15 minutos e servir com purê de batata.
Bon apetit!

02 maio, 2011

dissabores

......a verdade é que posso aceitar como ela é, mas o  que ela não é; é o que mais me parte o coração......

07 abril, 2011

Quando o amor vira neurose

Reproduzo aqui a explicação pontual de Roberto Girola



Como dizia o famoso escritor Camus, por incrível que pareça, para o homem é mais difícil se separar daquilo que não quer do que daquilo que ele quer.
Existem relações amorosas em que fica bastante evidente que o vínculo é baseado na neurose mútua e não no amor. Naturalmente isso é evidente para todos, menos que para os envolvidos.
O que sustenta esse tipo de relações é o encontro de duas formas complementares de neurose, que se encaixam perfeitamente uma na outra. O vínculo é assegurado por essa complementaridade doentia e não por uma complementação saudável.
A neurose gera um tipo de “necessidade”, que é satisfeita através da vivência de situações reconhecidas como negativas, mas que são constantemente buscadas como se não fosse possível viver sem elas.
Quando uma relação é percebida como sendo na maior parte do tempo aversiva, agressiva e frustrante e mesmo assim é mantida, devemos imaginar que algo está mantendo juntas essas pessoas, algo aparentemente inexplicável.
A psicanálise chama isso de “ganho secundário”. Um ganho que, na realidade, não é um ganho e sim uma perda, pois acarreta uma situação de sofrimento e a manutenção de núcleos doentios do funcionamento mental.
No plano afetivo existe uma necessidade inconsciente de “repetir” situações vividas na primeira infância e que ficaram gravadas na mente como grandes enigmas, algo que a mente não consegue processar através do pensamento.
Vamos fazer um exemplo. Imaginemos uma criança que tenha vivido na infância relações de “controle” de tipo sádico. A expressão pode parecer estranha, mas, na realidade, esse tipo de relacionamento familiar é bastante comum.
O controle sádico se estabelece quando a mãe se mostra para a criança como extremamente frágil, sempre a ponto de entrar em colapso, caso a criança não responda exatamente da maneira que ela espera, ou seja, caso a criança não se adapte plenamente às suas necessidades inconscientes.
Para uma criança acostumada a viver esse tipo de relação, o comportamento da mãe é algo enigmático, algo que ela não consegue pensar. Como pensar que a mãe a ama e, ao mesmo tempo, admitir que a mãe está exigindo o tempo todo o seu aniquilamento psíquico. Seria insuportável para a criança pensar em uma mãe sádica desse tipo. Por isso, essas sensações apavorantes são empurradas para o inconsciente, para que não sejam sentidas.
Por outro lado, a mãe ao se mostrar emocionalmente incontinente e frágil, está pedindo o tempo todo que a criança não se oponha aos seus desejos. Está assim estabelecido um controle sobre a criança. Todo controle é por si mesmo “sádico”, pois tende a anular o outro e a amarra-lo psiquicamente, exatamente de forma como um sádico amarra a sua vítima.
Quando crescer a criança tentará dar um significado a esse enigma insolúvel, guardado a sete chaves no seu inconsciente. A única maneira de tentar significar isso será reviver a mesma situação, re-encenar o que originou o seu sofrimento psíquico, na relação com outra pessoa que, de alguma forma, “repita” a relação que ela tinha com a mãe. Essa é uma necessidade do inconsciente, misteriosa, intrigante, uma tentativa desesperada de significar o que não pode ser explicado.
O próprio Freud ficou profundamente perplexo diante desse comportamento do inconsciente que o levou a descobrir que ao lado do instinto amoroso (Eros) existe um instinto mortífero (Thânatos), que nos leva a repetir indefinidamente o que para nós não tem sentido.
É esse mecanismo paradoxal do inconsciente que sustenta esse tipo de relações doentias e que as tornas extremamente dolorosas e, ao mesmo tempo, difíceis de ser rompidas. O que pode mudar isso? O auto conhecimento e a consciência do mecanismo que está por trás da manutenção dessas relações permitirão, aos poucos, romper com a necessidade da repetição do mesmo, permitindo relacionamentos mais saudáveis.

05 abril, 2011

Violino

Tanto tempo escrevo aqui e nunca comentei meu fascínio por este instrumento, um dos meus sonhos é assistir a um concerto ao ar livre na Áustria, se possível ouvir a Elgar - Nimrod .
Já me questionei algumas vezes porque não fui estudar ainda e tocá-lo , acho mesmo que minha paixão é sentir seu som.
No filme O som do coração o instrumento em questão é um violoncelo mas a essência da paixão pela música traduz bem meu sentimento pelo violino e a música clássica, ao contrário do que muitos sentem estas músicas não me deixam triste, pelo contrário me inspira , me transporta a lembranças de uma vida onde a melodia é  felicidade pura.
No filme o personagem principal, Evan Taylor,um garotinho encantador, ouve música por todo o lado. Ele é levado para  um orfanato, sem contacto com os seus pais, embora ele insista que pode ouvi-los pela música.  Evan acredita que a música que ele pode ouvir em tudo, desde o vento nos campos de trigo ao fervilhante das linhas eléctricas, é uma espécie de mensagem dos seus pais, a quem ele quer desesperadamente encontrar.
Através de uma série de flashbacks,nós aprendemos que os seus pais eram uma famosa violoncelista chamada Lyla Novacek, e Louis Connelly, um irlandês guitarrista e cantor de uma banda rock. Eles conheceram-se e apaixonaram-se numa noite, mas através de uma série de eventos foram separados. Perto do fim da sua gravidez, Lyla foi atropelada por um carro e foi informada pelo seu pai que o seu filho não sobreviveu. Lyla e Louis ambos tinham dificuldades para concentrar-se na reprodução de música e sentiam a falta um do outro.
Evan então resolve seguir o som do coração ,maravilhado com o som da cidade ele se distrai e acaba perdendo o cartão do assistente social quando o vento sopra o cartão para um orifício. Evan vagueia pela cidade e encontra um menino chamado Arthur tocando guitarra. Atraído pela música, ele segue Arthur e cai na rua com um grupo de crianças, todos músicos de algum tipo de instrumento, que estão a ser tratadas por "Wizard". Wizard vê os filhos como "investimentos". Evan obtém acesso a um violão e começa a tocar música pela primeira vez. Ele transforma-se numa criança prodígio e ao mesmo tempo em busca de um melhor nome, Wizard dá-lhe o nome de August Rush.
Após um tempo, o pai de Lyla confessa que o filho dela sobreviveu depois de tudo e que ele forjou a sua assinatura em documentos dando a criança para o Estado, para adoção. Lyla vai para Nova Iorque em busca do seu filho. Ao mesmo tempo, o pai de Evan, Louis também começou a tocar novamente, e ao tentar rastrear Lyla, também  volta a cidade de New York, onde inicialmente conheceram-se.
Após várias intempéries, os três se reencontram num concerto ao ar livre na cidade de New York, no Central Park com a Filarmônica.
E o garotinho resume brilhantemente: "A música é tudo o que nos rodeia. Tudo que você tem que fazer é ouvir".
http://www.youtube.com/watch?v=sUgoBb8m1eE

29 março, 2011

Há muitas moradas na casa de meu Pai

Mas enquanto a gente tá aqui amarrado nesse corpicho e a única morada que podemos conhecer é a Terra por que não aproveitar?
Se somos milenares e certamente vamos conhecer e viver em outras moradas, então começe já , há mais de centenas de países por aí ,milhares de cidades com tanta diversidade cultural , geográfica e uma  infinidade de coisas a aprender.
Reproduzo aqui o pensamento de Mário Quintana sobre a verdadeira arte de viajar..., diz ele:
"A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"  
E segundo Ricardo Piglia tudo o que vemos e sentimos pelos caminhos trilhados nas cidades que visitamos , nos ajudam a contar com palavras perdidas a história de todos nós .  
Quando vi o vídeo anexo meu primeiro pensamento foi que presente desta morada essa pesquisadora ganhou, ainda bem que não existe pacote turístico para este tipo de experiência porque  é o tipo de lembrança que jamais deverá ser comercializada. AMEI!!!
 

23 março, 2011

A lenda egípcia do peixinho vermelho

"No centro de formoso jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul- turquesa.
Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita.
Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem, nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos concidadãos de barbatanas para os encargos de rei, e ali viviam, plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça.
Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos.
Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos. Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso.
O peixinho vermelho que nadasse e sofresse.
Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome.
Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse.
Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniria maior massa de lama por ocasião de aguaceiros.
Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do escoadouro.
À frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo:
- "Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?"
Optou pela mudança. Apesar de macérrimo, pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima. Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d'água, encantado com as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu, embriagado de esperança... Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos. Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo-o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fácil roteiro. Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes, palácios e veículos, cabanas e arvoredo.Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a agilidade naturais. Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo. De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração; impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária.Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas. O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a evitar os perigos e tentações. Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz. Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia, de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude, continuariam a correr para o oceano. O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles. Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? não seria nobre ampará-los, prestando-lhes a tempo valiosas informações? Não hesitou. Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de Coral, empreendeu comprida viagem de volta. Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar. Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia. Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos lodacentos, protegidos por flores de lotus, de onde saíam apenas para disputar larvas, moscas ou minhocas desprezíveis. Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto ninguém, ali, havia dado pela ausência dele. Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e permitiu que o mensageiro se explicasse. O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia desaparecer, de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqualos. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos, cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do oceanos e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam todos, prósperos e tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à venturosa jornada. Antes que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.
Ninguém acreditou nele. Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, solenes, que o peixinho vermelho delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquelas história de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente. O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia dele até a grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou, borbulhante:
- "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te daqui! não nos perturbes o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém possui vida igual à nossa!..."
Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se, em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca.
As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama..."