29 agosto, 2010

Família, todo amor do mundo

Meus velhos, meus mestres, passamos anos cultivando estereótipos deles de heróis e rainhas  do lar. Até que um dia seu pai herói começa a virar resmungão e repete vários assuntos já contados. A rainha começa a ter dificuldades de lidar com tantos afazeres e dá para implicar até com os móveis agora pesados demais.
O que pais e mães passaram de uma hora para outra?
Nossos pais envelheceram, mas nunca nos preparamos para isso, continuamos nos apegando na ilusão de que estarão por lá como nosso porto seguro.Quando um belo dia eles perdem o pique, ficam mais vulneráveis e adquirem manias bobas nos queixamos.
Nossos heróis estão cansados de cuidar dos outros e servir de exemplo precisam ser cuidados e mimados por nós filhos que tanto recebemos deles, e muitas vezes eles até dão indiretas de que precisam de carinho através de uma chantagenzinha emocional.
Eles tem muita kilometragem rodada, não fazem mais planos, aproveitam cada momento entre os seus porque amam tanto seus entes que as vezes a sensação de felicidade não cabe no peito.
Meus pais estão com manchas na pele, com dores pelo corpo mas não estão caducos, caducos somos nós que relutamos em aceitar o ciclo da vida.
Preciso aceitar com paciência suas dificuldades com o celular, a internet, e muitas vezes insisto em não admitir suas fraquezas, seus desânimos, é duro admitir que meus heróis não são indestrutíveis.
Após uma certa idade eles adquiriram  um ritmo mais lento, e essa minha intolerância a algumas de suas atitudes só pode ser medo, medo de perdê-los, de enfrentar essa enrascada que é a passagem do tempo, aos que me ensinaram a tirar proveito de cada etapa da vida, aos meus alicerces com os quais sempre posso contar, e que infelizmente um dia partirão .
Que os anjos nos acompanhem sempre,  que eu possa fazer o melhor por voces  mostrando que sua dura tarefa de amar e educar fez de mim um ser humano melhor que desfruta as oportunidades da vida com base nos ensinamentos de Jesus.
Pais queridos e irmãs, vocês iluminam  minha vida . Que eu possa ser um ser humano maravilhoso assim como vocês sempre foram. E que por onde estivermos  levemos  amor e alegria a serviço do bem maior.
Amor ,
 sua filha

26 agosto, 2010

Sexismo emburrece

Esses dias li um artigo e deu vontade de escrever sobre tanta coisa que nem sei o que vai sair desse post , acho que para lá de disperso em conteúdo.
O artigo era sobre sexismo, palavra que  também não sabia exatamente o significado e  descobri que muito embora não me considere preconceituosa quando se trata de gênero, há uma parte de mim que é sexista afinal  ainda sou muito egoísta  e acho que algumas tarefas cabem melhor  para cada sexo, além de acreditar que as inclinações baseadas em gênero são realidade.
Acredito  que o gênero determina alguns comportamentos ou tendências, por exemplo: violência no sexo masculino e melhor capacidade de comunicação verbal do sexo feminino ,  tais comportamentos diferem de acordo com o gênero, por vários motivos.
Suponha que aceitemos como fato que as mulheres são melhores em comunicação verbal e piores em posicionamento espacial; isso não significa que todas as mulheres falam bem e péssimas motoristas, necessariamente, então  dentro da maioria há também gradações, e há as exceções; além disso, mesmo nos casos de inclinação típica (dificuldade com posicionamento espacial, por exemplo), há a possibilidade do desenvolvimento para superação desta forma mesmo uma mulher "típica" pode sim se tornar muito boa em posicionamento espacial, com treinamento e dedicação.
Resumindo a despeito das  inclinações de gênero, acho que isso não é  determinante ou final no comportamento ou nas habilidades de alguém,  justamente a capacidade do ser humano de superar a si mesmo e se adaptar é que o faz tão bem-sucedido como espécie.
Entretanto admito que posso ser considerada sexista por alguns e esclarecido esse ponto, sigo adiante pra explorar alguns pontos do artigo que li.
Já perceberam como crucificam uma mulher traidora muito além do homem traidor ?
As mulheres são invejosas, mentirosas e, no fundo, todas vagabundas. a que foi traída é uma bruxa, a que traiu é puta; os homens só estão fazendo o papel deles: se comportando como machos no pior estilo malandrão :" ué. minha mulher é uma chata , mocréia e a vizinha quer dar pra mim!" "Tenho mais é que comer."
O artigo em questão cita o caso Eliza e o estupro de uma garota por 3 rapazes em SC, e ambos os casos têm um problema comum: o julgamento das vítimas (em negrito bem forte) na sua condição de mulher como forma de amenizar ou explicar o crime; as pessoas (homens e, vergonhosamente, mulheres também) citam imbecilidades como o fato da primeira ser atriz pornô ou coisa que o valha como justificativa pro crime, sim. No caso da segunda, vocês vão achar comentários do tipo "mas o que uma menina de 15 anos fazia fora de casa às 3h da manhã na casa dos meninos?"
A profissão ou comportamento sexual da primeira dá aval pra matá-la, é isso?
E a segunda estar acompanhada de 3 rapazes às 3h da manhã os autoriza a estuprá-la?
Sei que as perguntas parecem óbvias, mas acredite: não são!
Os comentários da audiência demonstram claramente que achamos sim que se essas mulheres tivessem se comportado como as mulheres devem se comportar, nada disso teria acontecido; sim, achamos que a culpa é delas.
Então meu lado racional pensará então existe uma inclinação masculina para a violência e agressividade sexual (no limite, o estupro)? infelizmente acho que existe, sim.
 Mulheres com comportamento sexual mais agressivo ou liberal criam mais oportunidade para serem "atacadas"? talvez sim.
Isso significa que elas devem ou merecem ser atacadas, que estão "pedindo"? NÃO, NÃO e NÃO.
Não somos bichos, sabemos o que é certo ou errado dentro do contexto social e temos que respeitar as regras, por mais que nosso desejo ou instinto nos digam o contrário. Caramba, isso é BÁSICO é por isso que este tipo de violação  é considerado CRIME.
É inaceitável até sugerir que o comportamento dessas mulheres de alguma forma ameniza os atos cometidos. é perverso, nojento.
Mas o mais perverso e nojento é que somos ensinados (e continuamos repetindo esses ensinamentos) inclusive pelas nossas mães que é assim que funciona, aos homens cabe execer seu papel de caçador de donzelas ou experts, e às mulheres cabe se manter na "clausura" e de preferência não deixar os moçoilos perceberem que ela também tem desejos.
 Temos que nos fingir de mortas, sob o perigo de passar a "mensagem errada" e enfim "ter o que merecemos;. aos meninos estem devem ser sexualmente agressivos e nunca perderem  uma oportunidade (não importa se está a fim, se o conteúdo não apetece...); as meninas devem se preservar e tomar todo cuidado, porque afinal não têm o direito de dizer NÃO???
Impressionante e triste o quanto somos atrasados e primitivos na educação sexual; alguém já viu pais discutindo com seus filhos homens como se relacionar com mulheres?
 Como dar prazer a elas? Como respeitar as diferenças entre os sexos?
As conversas dos pais com suas filhas é mais triste ainda. por mais que tenhamos "evoluído" e hoje os pais pelo menos falem com seus filhos a respeito de sexo, repetimos preconceitos; os pais falam aos filhos sobre proteção (doenças e gravidez) e talvez sobre reputação (com diretrizes invertidas para os 2 sexos); não conheço quem fale sobre relacionamento,prazer e  principalmente respeito, se existem são uma ínfima minoria.
Para a grande maioria, sexo é forma de dominação e/ou libertação; o prazer físico, o desfrute das sensações e do outro é absolutamente secundário; estupro não é prazer, é demonstração de poder; traição também pode ser o uso do sexo como vingança, compensação, infelizmente  o que fizeram com a Eliza foi mais que simplesmente dar sumiço - há um componente fortemente sexual na história, que obviamente nada tem a ver com prazer.
Daí usar gênero ou sexo como desculpa ou arma é triste, demonstra o que somos e o quanto estamos atrasados, neste aspectos estamos próximos dos nossos parentes chimpanzés;  cada vez que validamos comentários desse tipo, seja na internet ou no dia a dia, regredimos; perdemos a opotunidade de ser melhores, mais evoluídos e quebrar o ciclo vicioso criado pelas gerações anteriores, perdemos a oportunidade de avançar em passos largos como a tecnologia, em aspectos humanos andamos a passo de lesma.
Acredito que podemos mudar esse quadro  mesmo que aos poucos,  ficando atentos não permitindo comentários preconceituosos em relação a gênero de nenhuma espécie, nem ao vivo, nem na internet, nos posicionando quando isso acontece, quando pessoas ao nosso redor soltam frases maldosas e aparentemente inocentes.
Experimente não permitir que seu namorado faça comentários engraçadinhos sobre sua condição de mulher, por exemplo, tampouco aceite comentários de amigos ou amigos de amigos, quando seu pai ou mãe falarem alguma bobagem preconceitosa, responda, seja assertivo com educação e estimule as pessoas a repensarem conhecimentos adquiridos sem qualquer criticidade.
E quando você se pegar sendo sexista, reflita,repense, modifique seu modelo mental, não deixe que as pessoas ao redor de você o contaminem , faça mais: reaja. e reaja como ato de amor, como quem educa um filho.
 A mudança desse quadro triste começa em cada indivíduo.

25 agosto, 2010

Drama de Scarlet O'Hara

No clássico norte-americano ...E o vento levou, Scarlet O´Hara, mulher mimada e imatura, ao ser abandonada pelo homem que a amava mas se cansara de suas leviandades, é deixada sozinha no casarão onde moravam, leva no máximo dois minutos para se lamentar. Depois, enxuga as lágrimas e diz “Agora estou cansada. Amanhã eu penso nisso.” Olhando à nossa volta ou mesmo para dentro, vamos perceber que a ´Síndrome de Scarlet O´Hara´ afeta mais gente do que imagina nossa vã filosofia, até mesmo quem nem sabia que ela existe.
Sabe aquele drama que muitos fazem para conseguir algo, que movem todos ao seu redor para chamarem atenção sobre alguma coisa, que fazem questão de fazerem marketing sobre o quanto trabalham ou estudam, ou seja que precisam exarcebar suas lutas cotidianas por pura carência emocional.
Ou então sobre aquele livro que você tanto queria e finalmente encontrou mas até hoje está olhando pra você lá na sua estante?
 Que há seis meses você se propôs a começar a ler “no fim de semana que vem” e continua adiando o projeto?
Pois é, nem falta de tempo nem de resistência física para abri-lo: é apenas o lado Scarlet O´Hara em ação. Combinar certinho aquele encontro com amigos do peito, sugerido e desejado por todos há tanto tempo, mas sempre adiado com desculpas do tipo “É uma coisa e outra, essa vida corrida, blá blá blá”? Não é só vida corrida, é a síndrome.
Livro se lê em casa, em ônibus, avião ou sala de espera.
 E bastam dois ou três minutos para pensar numa data para o encontro com aqueles amigos e mais três para telefonar e sugerir a data.
 Quando o encontro acontece, todos gostam e se divertem, até se passarem mais seis meses, dois anos ou a vida inteira para se combinar outro. Que pode nunca mais acontecer
Ocasião especial a gente faz acontecer ou fica no prejuízo, ficar esperando pelo melhor dia é ficar para trás.
A leitura, o encontro, a visita, o e-mail para saber notícias do amigo que se mudou para longe, o curso de culinária ou de capoeira, a viagem sonhada há tantos anos, nada disso acontece sem o primeiro passo.
 E para isso, ninguém melhor que o próprio interessado - quando existe mesmo interesse.
Guardar a louça inglesa ou a lingerie para “ocasiões especiais” e usar sempre a mesma louça do diário e as calcinhas e os sutiãs surrados  de todos os dias, ou não arranjar tempo para planejar e executar aquilo que se quer e se pode fazer são desperdícios que produzem uma única vítima: quem nunca aposta nos próprios sonhos.
Todo o mundo tem um lado de Scarlet, mas só o tempo acaba mostrando quem venceu a parada.

20 agosto, 2010

Viajar para viver


Viajar é uma forma de abrir nossa cabeça, pois saímos da zona de conforto. Então como criar um espírito de viajante para aproveitar melhor todas as viagens?
Explorando seu lado criança, ou felino de curiosidade máxima, de interesse pela cultura alheia, de observador aguçado e esquecer o comparativo e as comodidades de sua casa ou de seu país.
Em resumo se abrir ao novo sem reservas.
Viajei  também por obrigações de trabalho, mas também por puro prazer e vontade de aprender, sempre viajei muito.
Estive em vários estados brasileiros – em alguns, várias vezes – e ainda que demore longos anos tenho planos de  explorar o mundo,e quem sabe conhecer a Antártida.
Nessas viagens, conheci, claro, muitas coisas interessantes e outras nem tanto. E estive em lugares de diferentes  tipos. Alguns maravilhosos, outros deploráveis, mas de todos guardo lembranças de experiências que me ajudaram a ser melhor.
E conheci também muitas pessoas interessantes. Tenho uma verdadeira coleção de tipos com quem interagi e que me ensinaram alguma coisa. Lembro- me da história contada por Eugenio Mussak de um senhor de certa idade que sentou ao seu lado num voo internacional. Antes de embarcar, ele havia passado na livraria do aeroporto para comprar um lançamento de seu autor favorito.
Logo que embarcou, tratou  de se acomodar na poltrona, ávido para começar a leitura. Mas, logo após a decolagem, enquanto  ainda estava nas páginas iniciais, notou que o distinto cidadão ao lado estava com o corpo ligeiramente curvado em sua direção e os olhos esticados, tentando ler seu livro. Isso o intrigou e então olhou para ele fixamente.
Ele, então, sorriu meio sem jeito, mas com simpatia me perguntou: – Desculpe, você gosta de ler?
Levou um instante para responder   porque naquele instante  não queria papo, eram os poucos momentos de relax antes de encarar uma reunião chatérrima com fornecedores .
Coincidência ou não, a crônica falava justamente sobre diálogos e  então aquilo quebrou sua resistência.
– Sim, mas não sobre tudo – respondeu, cuidando para, junto com a resposta, devolver o sorriso que o estranho ao seu lado lhe dava.
–  Com certeza, é que gosto de quando as pessoas me recomendam um livro e como também gosto de ler gostaria de uma sugestão para minha próxima compra .O que está achando dele?
– Na verdade, acabei de começar a leitura, mas estou animado. Gosto deste autor porque aborda temas atuais , viagens e tudo com leveza e congruência de opinião.
– Entedi . Eu aprecio livros sobre viagens . Aliás,  gosto de escrever sobre viagens. Você já reparou como os livros que relatam viagens encantam as pessoas?
Aí realmente ele se interessou  pelo simpa´tico vizinho de poltrona, afinal viajar era também um dos meus maiores prazeres e respondeu:
– Nunca tinha parado para pensar sobre isso, mas acho que você tem razão, pois viajar é um forte desejo humano. Além disso, ler um livro é como fazer uma viagem. Tanto a viagem como o livro nos colocam frente ao desconhecido, que é, ao mesmo tempo, excitante e intrigante.
– Sim, praticamente todos os grandes livros são excitantes . Veja o primeiro grande autor, Homero. Na Odisseia, Ulisses, após a guerra de Troia, trata de voltar para casa e inicia uma viagem cheia de aventuras, ao mesmo tempo em que Telêmaco, seu filho, viaja para procurá-lo. Se você pensar bem, verá que essa história poderia ser definida como a viagem de encontro ao destino de cada um.
Estava começando a gostar daquele sujeito . Era bem-humorado, entendia de literatura e ainda fez uma rápida análise psicológica de um clássico. Resolvi cutucá-lo. Se a conversa estivesse boa ele poderia dar-lhe corda, se não, tinha a desculpa de voltar à leitura.
– Camões escreveu algo parecido em Os Lusíadas onde  Vasco da Gama também é protegido por alguns deuses e perseguido por outros. E você reparou que, em ambos os casos, o objetivo final da viagem é voltar para casa?
Fico pensando que será esse  o objetivo de qualquer viagem.?  Voltar para casa.
– Ou voltar-se a si mesmo – continuou ele. – Olhar o exterior para entender melhor o interior. Você tem razão quanto ao destino final.
Veja o caso de a Volta ao Mundo em 80 Dias, de Jules Verne, que parte de Londres com destino a Londres. Ele viaja para o leste e volta pelo oeste. Só que, quando volta, ele é outra pessoa, menos esnobe, mais humilde, melhor. Está apaixonado pela princesa que conheceu na Índia, mas, na verdade, o que aconteceu é que ele desenvolveu uma nova paixão pela vida. Através da aventura e do amor, ele reencontrou o homem que já tinha sido e do qual tinha se afastado em função das convenções e obrigações sociais, muito fortes na Inglaterra .
– Ele volta diferente, melhor do que era antes de partir. A conclusão é que a melhor parte de uma viagem é a volta? – perguntou.
– Não, a melhor parte é o aprendizado.
– Então, em sua opinião, as viagens são tão atrativas por serem metáforas da própria vida?
– Sim , creio que  nosso interior é o território mais misterioso. Mas não estou me referindo ao corpo, e sim à alma humana. E, preste atenção: todos nós nascemos viajantes, mesmo quem não viaja, pois, se pensar bem, você verá que a verdadeira viagem fantástica é a própria vida.
– A verdadeira viagem fantástica é a própria vida… – pronunciou, lentamente, falando consigo mesmo, em uma reação própria de alguém que tem um imenso e maravilhoso insight.
Já se passaram cerca de 10 anos desde esse encontro. Ele não lembra o nome do viajante, gringo,  nem se o diálogo foi exatamente assim. Mas  lembra bem do assunto que tratou e, sobre ele,  que estava morando no Brasil porque havia se apaixonado primeiro por uma brasileira do Norte e depois por nossa cultura, música e comida.
Recordou as analogias da viagem com a vida, do fato de que os confortos e as dificuldades, as alegrias e os aborrecimentos, as idas e as vindas de uma viagem são um paralelo perfeito da própria existência humana.
E lembro que ele citou Bob Dylan antes de pedir licença e se recostar na poltrona para dormir o resto do voo:
– Yes, my friend: “Life is nothing but a trip”. (“A vida nada mais é do que uma viagem.”)
 Assim o ilustre companheiro de bordo o deixou com o livro nas mãos, a cabeça cheia de pensamentos e o coração pulsando com a idéia de que a vida é uma viagem fantástica.
Nunca mais ele parou  de se considerar um viajante para seguir em frente, seja em outro continente, seja em seu próprio bairro.
Na prática é  fundamental definir bem o roteiro para não ter surpresas ruins na viagem. Principalmente se você for como eu que detesta viagens por agência e o planejamento engessado que elas oferecem.
 Há dois tipos de viagem que eu gosto: as que  planejo nos mínimos detalhes e as que  faço sem planejar nada.
É claro que as viagens planejadas são mais confortáveis têm menos surpresas, mas não podemos esquecer que as surpresas fazem parte dela. Aliás, viajamos para nos surpreender com o mundo.
Atualmente, eu prefiro planejar até certo ponto, como definir bem as datas de ir e voltar, reservar a hospedagem, mas gosto de deixar espaço para o improviso, para a aventura.
Viajar é uma das melhores sensações da vida. O dinheiro aplicado em uma viagem não é um gasto, e sim um investimento.
Seu retorno vem em forma de cultura, de entendimento, de percepção, de experiência e, principalmente, em forma de vida.
Uma viagem não se esgota no retorno.
Continua em nossa lembrança em forma de imagens, sons, cheiros, texturas.
Lembro quando viajei para Agulhas Negras para uma escalada , com amigos do trabalho e numa noite gélida e estrelada  de repente  um deles  esticou o braço para o céu, apontando para um lugar no meio da escuridão, e disse:
Uma estrela cadente!
 Eu apertei os olhos e fiquei  horas tentando encontrar outras porque até então  nunca tinha visto uma, e para mim aquilo era apenas real nos livros que li quando criança, mas não , elas eram reaisnaquele momento e me emocionei ao ver uma delas rasgando o céu numa beleza ímpar.
E então me remeto novamente a Eugênio no mesmo texto que mencionava:
– Para onde ele está indo? – perguntei, provavelmente só para dizer alguma coisa para cortar aquele silêncio.
Ela está sempre em movimento – explicou o amigo. – Não precisa ter, necessariamente, um lugar para ir. Ela é  como um nômade que não sai do céu, mas está sempre viajando, pois essa é sua essência. Assim como as dunas, que se movem permanentemente, as estrelas não se detém.
E assim somos nós, humanos, que também precisamos do movimento para não sermos cobertos pela poeira do tempo e pelo mofo da acomodação.
Uma viagem pode não ser a vida, mas é uma bela metáfora dela, pois nos faz defrontar uma realidade maior e nos abre a alma para o entendimento.
Entretanto, sempre é bom lembrar que viajar tem partes, e uma delas é a volta para casa.
E feliz daquele que considerar esta como uma das melhores.
Entre outras coisas, viajar nos ensina a amar nosso lar, nosso país, nossa gente.
Afinal, como disse Goethe, sábio é aquele que consegue criar, para seu uso, “raízes e asas”, essas duas maravilhosas possibilidades humanas.
Esse autor é fascinante, recomendo!!
E eu aqui contando os dias para viajar....

19 agosto, 2010

Se desejamos equilíbrio emocional precisamos nos conhecer primeiro

Todos nós reencarnamos com uma “bagagem”, que são os conhecimentos, aptidões e habilidades conquistadas, para reiniciarmos a jornada, com a finalidade de conquistar novos conhecimentos que se somarão aos já existentes, assim formando a nossa maturidade.
Quando atingimos um certo grau de desenvolvimento, sentimos necessidade de rever algumas crenças, conceitos e valores que nos foram passados, pela escola , pela sociedade ou por nossos familiares  para compreendermos melhor a importância do aprender a ativar a consciência maior que habita em cada alma humana. Quanto mais explorarmos e ativarmos a fonte inexaurível da força interior, mais fácil e rapidamente teremos condições de lidar com os nossos vícios, sejam físicos ou mentais, que exercem grande influência em nosso equilíbrio.
Para nos proteger de qualquer interferência externa, temos que adquirir conhecimentos morais que são como escudos para nos proteger da ignorância, a grande vilã que rodeia a humanidade e que impede que a alma tome conta de si própria, libertando-se das prisões mentais construídas entre encarnados e desencarnados.
Um aspecto a ser estudado é que somos seres encarnados que interagem com seres desencarnados a todo instante. Independentemente de nossa crença, de nossa vontade, eles estão vivendo simultaneamente conosco. De acordo com nosso pensamento e vibração energética, atraímos espíritos afinados ao nosso estado emocional e sentimental, formando um elo de união, até que um dos lados se canse e faça algo para sair dessa dependência energética.
 Muitos ignoram a mediunidade, mas isso não impede a influência boa ou má dos espíritos. Vivemos em paralelo com uma multidão de espíritos (visíveis por alguns médiuns), que em silêncio participam pelo pensamento de nossos desejos, de nossas vontades, dos medos, das mágoas, sabem da nossa bondade e também da nossa maldade.
Esses espíritos chegam até nós, arrastadas pela atração dos nossos hábitos e recordações de desafetos do passado. Eles podem nos influenciar, nos observar, nos inspirar, aconselhar e em alguns casos perseguem-nos e nos obsediam com ódio e vingança.
Quem de nós nunca sentiu uma boa inspiração, quando se encontrava triste, desiludido?
E quem de nós não sentiu a raiva aumentada de uma hora para outra, a ponto de fazer algo que não queria? É obvio que não podemos – e nem devemos – depositar toda culpa nos obsessores. Porque nós também temos vícios e tendências negativas e que por invigilância afloram.
Acontece que eles podem ser acrescentados de mais energia negativa ainda, impulsionando-os a realizar as piores coisas, tendo como resultado o arrependimento e depois o sofrimento.
A obsessão é um dos maiores escolhos da mediunidade. É o domínio que certos espíritos tentam sobre algumas pessoas, num processo bilateral, onde é preciso ter uma mente que emite e outra que recebe.
O meio mais eficaz de combater essa influência negativa é através da transformação do nosso interior , destruindo assim o elo com a má influência, assumindo com responsabilidade a vida como meio de evoluir e se transformar admitindo a lei de afinidades para adquirir sentimentos elevados como: tolerância, paciência, arrependimento, a simplicidade, o desejo de perdoar e assim manter a mente mais positiva e otimista que são condições de fortalecimento da consciência, da mente, que resistirá aos arrastamentos sugeridos pelos menos escalerecidos sejam encarnados ou não.
Comecemos pela  prece  sincera  que promove  a vigilância dos pensamentos os quais são essenciais para a manutenção de nosso equilíbrio.

16 agosto, 2010

A arte da gastronomia


Sei que às vezes é fácil se deixar levar pela rotina e fazer sempre a mesma coisa, ir nos mesmos lugares, frequentar os mesmos locais, sem aquela inspiração para procurar algo novo ainda mais no inverno que fez esta semana. Mas quando o assunto é gastronomia não importa o tempo ou o quao preguiçosa possa estar  ainda mais quando o novo restaurante é filhote de um excelente como o Rã-chu em Campinas.
Essa foi a pérola do final de semana Estação Mogiana Churrascaria, que claro além da excelente picanha tem uma das melhores saladas de rúcula com cebola que você possa imaginar.
O almoço de domingo em família é um destes deliciosos momentos de comunhão que a mesa proporciona. É sensacional a experiência de comer não tendo como única finalidade a energia dos carboidratos ou a fonte de vitamina dos legumes. É claro que tudo isso é importante. Tão importante para a saúde e para a sobrevivência que a natureza conferiu no ato de comer, o sentido do prazer.
 E a humanidade, à medida que foi se sofisticando, elevou o ato de preparar e consumir o alimento ao estado de arte, não é a toa que os lançamentos imobiliários atuais têm um forte apelo a varanda gourmet.
É verdade que comer acalma e torna as pessoas alegres?
Fome é uma sensação desagradável provocada por neurotransmissores.
Então deduz se que alimentar-se acalma e diminui o estresse. Assim que a pança é forrada, o cérebro produz impulsos até derramar uma porção extra de serotonina pelo organismo, gerando uma sensação de bem-estar quando comemos. E olha que não sou nada chocólatra!!!
E, desde que começamos a nos organizar como espécie, fizemos do ato de comer um momento de trocas.
Se trocamos elementos químicos com o planeta, entre nós trocamos elementos emocionais.
A mesa é o local onde todos se colocam no mesmo plano, onde os olhares têm mais chance de se cruzarem.
Um almoço em família é um momento de reposição de energia amorosa.
Um jantar com seu amor é uma troca de cumplicidade.
E um café da manhã, ainda que sozinho, é o prenúncio das emoções de viver mais um dia.
Uma refeição não é apenas uma refeição, é uma cerimônia em que vida será transformada em mais vida.
A gastronomia é a arte suprema do gosto, provavelmente, a mais completa entre todas. A verdadeira arte é aquela que desperta sensações que não são provocadas pelos órgãos dos sentidos a que, primariamente, se destinam. A boa arte é assim, surpreendente. Te pega pelos olhos ou pelos ouvidos e te sequestra o corpo inteiro, além da alma, claro.
Quer relaxar sente se a mesa ,  decore de forma simples e aconchegante, e verá que seu jantar é mais que um jantar, é uma sinfonia bem orquestrada de sensações.
A boa culinária é assim, nos toca por inteiro. E não importa se estamos falando da alta gastronomia francesa harmonizada com vinhos bordeaux, ou do virado à paulista servido no restaurante por kilo e acompanhado por uma cerveja gelada.
E é extremamente prazeroso ano após ano entrar  na minha casa e sentir  o alho misturando-se com a cebola, acariciados pelo azeite em uma frigideira quente.
A boa culinária não é cara nem barata, não é sofisticada ou simples. É apenas culinária: vale-se de bons ingredientes, os combina com inteligência, respeita os temperos e é feita com dedicação e amor. Os pratos traduzem os sentimentos de quem os prepara, como vemos na literatura e no cinema.
 Em Como Água Para Chocolate, Tita, apaixonada transmite seu amor pelos pratos que prepara. Não é um filme sobre culinária, mas sobre erotismo.
Quando Babette, em A Festa de Babette, gasta sua pequena fortuna para oferecer um festim para seus patrões e seus convidados e é repreendida por sua patroa, que lhe diz que ela agora havia ficado pobre, responde com olhos serenos: “Uma artista nunca é pobre”.
Cozinheiras e cozinheiros, profissionais ou amadores, empregados ou patrões; todos são ricos de alma se se derem conta de que são artistas entre as panelas e os ingredientes.
A culinária é uma técnica, sim – senão, não haveria receitas, mas é uma técnica que pode ser elevada à condição de arte. Para tanto, o ingrediente principal não é a receita, é o amor de quem a prepara.

10 agosto, 2010

Opinião lacrada?!!

As pessoas mais difíceis com quem se conversar e argumentar são as pessoas com olhos duros, li num jornal, na sessão opinião do leitor o email de uma jovem que dizia é ridículo o comportamento dessa gente que já passou da idade ficar lendo o suplemento de jovem, e outra que diz: "eu não gosto desse estilo, eu sou assim e ponto"., hummmmm quanta rigidez!!!!
Ter opinião é importante, é por isso que a gente batalha a vida toda em anos de estudo e leitura diversificada, mas ter opiniões fechadas hermeticamente é um demérito pior do que o daqueles que não acham nada sobre nada ;se mudar de opinião a cada 5 minutos é característica dos volúveis,  não mudar nunca é traço dos estagnados dos difíceis de se conviver, daquelas pessoas que se inviabilizam.
Deixar claro para os amigos, para o chefe, para a família que você pensa de determinado jeito e desse jeito você vai morrer pensando fecha tantas portas na vida que um dia a gente acaba se lamentando e perguntando : quando e porque mesmo eu fechei a questão sobre tal assunto, em geral a gente nem sabe responder.
Com tanta informação nova disparada por internet, email, TV seu disco rígido mental não pode para nunca, agora quanto efetivamente a conjuntura do mundo atual  influenciará na mudança ou não de seus paradigmas é um questionamento muito individual.
Cada um constrói sua história pessoal de acordo com seu ângulo de observação, suas próprias vivências e interpretações baseados em sentimentos, emoções.
Nossas decisões e opiniões definem o desenrolar de nossa história que deve ter nossa identidade afinal opinar e decidir engloba também bancar as conseqüências e aceitar que são fruto daquilo que fizemos de nós mesmos e da nossa vida, mas em absoluto pode ser uma sentença pré-fabricada por terceiros.
 Agora se você concluir que a opinião ou decisão tomada  foi a pior sempre há uma maneira de rever, as vezes dá trabalho, quase sempre causa sofrimento mas é essa segurança de estar caminhando pelas próprias pernas que garante a satisfação da gente ter feito o melhor da NOSSA própria vida.

02 agosto, 2010

Penso logo viajo

Se pudesse personalizar o que o célebre filósofo moderno e brilhante matemático Descartes disse Penso logo existo  reescreveria como Penso logo viajo.
E não precisa ser uma mega viagem para render deliciosos prazeres. Estive esse final de semana em Presidente Prudente para o casamento de um primo muito querido que por sinal conheceu sua atual esposa numa viagem , para ser mais específico na copa passada!!
O percurso de 500 km revela paisagens agrícolas fantásticas, as plantações de milho, café, alfafa, cana de acúcar enchem os olhos com coloridos que nenhum giz de cera seria capaz de reproduzir.
No  caminho conhecemos Santa Cruz do Rio Pardo, mais especificamente um pequeno museu ao lado da rodovia Raposo Tavares.
A cidade, como outras da região surgiu do desmembramento de cidades maiores em 1865.
A estrutura agrária do novo município organizou-se com a pequena propriedade resultante de política de vendas de terras  e também com os grandes latifúndios. A cultura cafeeira era a atividade econômica mais importante da região na década de 30, a qual era  exercida por proprietários, empreiteiros e colonos.
Com a crise do café, a substituição pelo algodão foi inevitável, favorecida por condições nacionais e internacionais. O algodão trouxe à região empresas estrangeiras que se instalaram nas cidades, comercializando e financiando pequenos plantadores, animados pelo aumento do consumo nacional e internacional da fibra.
As fotos do museu retratam a importância  das ferrovias para a região do oeste paulista , a antiga ferrovia
  - Estrada de Ferro Sorocabana - expandiu-se  na época para a região, sendo um importante elemento de infra-estrutura da economia cafeeira, pois significava transporte rápido, seguro e barato do café para os centros maiores e é retratada em toda a região, até mesmo nos modernos Postos de Conveniência ao longo da rodovia.
É por isso que viajar na viagem pode sempre ser muito interessante , não só o destino final é que conta mas tudo que você vivencia no durante  é extremamente gratificante.
Opinião de quem é gente séria das 9 as 18hs, fotógrafa apaixonada no restante e turista curiosa em qualquer ocasião.