16 junho, 2011

Esse seu olhar

  "Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces..." Vinícius de Moraes
  "Ai que bom que isso é meu Deus...que frio que me dá o encontro desse olhar" Vinícius de Morais

   "Este seu olhar quando encontra o meu                                                    
    Fala de umas coisas
    Que eu não posso acreditar...   
     ah! se eu pudesse entender
    O que dizem os seus olhos  "       Tom Jobim
 
 
...o olhar  não precisa de palavras,  não precisa de cultura , não necessita de assertividade , e ele  revela a quem sabe apreciar os desejos e sentimentos despidos de qualquer máscara.
...podemos ver isso quando fazemos mudanças, elas  fazem milagres por nossos olhos,... é no olhar que se reflete o brilho da tal juventude eterna.
..".um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião plástico  a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho"'
Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

13 junho, 2011

Escolhas

É impossível vida com satisfação total. Vida é tensão!!
Já que a vida é incongruente mesmo com quietude,  tentar entender  a dimensão desta complexidade que é nosso funcionamento psíquico ajuda a aliviar nossos questionamentos.
Como identificamos que algo é felicidade sem o quadro sombra do que "não é felicidade"?
Será então que o valor da vida está ligado ao valor da escassez de outrora?
Shakespeare já dizia que nada seria pior na vida que uma sucessão de belos dias, então analise com mais  maturidade para não  acreditar que a vida real é como propaganda de doriana, que casamento é fotografia  com rostos sorrindo num porta-retrato, que trabalho é fonte eterna de prazer, ou  que para todas as outras coisas existe Mastercard....
...satisfação total, como pensar isso no mundo de hoje?
Somos convidados a sermos felizes e temos que escolher zilhões de coisas desde a hora que acordamos até dormimos.
Temos uma infinidade de opções- haja sujeito para poder regular tudo isso e não cair no abismo, por isso é que a depressão aumenta tanto.
Se as tensões são bem distribuídas isso da uma sensação de bem estar, é preciso um dique para dar vazão a tantas decisões, algo que represente esse psiquismo, por isso a palavra é tão importante.
Se há angústia é sinal que o sujeito precisa tomar uma providência, Lacan já dizia que o desejo de caminhar é o melhor remédio para a angústia.
Tem pessoas que apresentam quadros de dispnéia - se queixam de falta de ar- mas na verdade é a impossibilidade de colocar o ar para fora; a  angústia é a mesma coisa: as vezes temos decisões dolorosíssimas e quando tomadas dão um alívio....
Sem um regulador,a tarefa de viver seria impossível, ficaríamos submetidos a essa força demoníaca de satisfação de desejos e mais desejos, que só quer saber de satisfação total,  óbvio que surgirão problemas na certa; é o que ocorre com o compulsivo; ele  não consegue- não se contenta com o prazer como princípio, para eles o que está em jogo é apenas o gozo.
A saída é o equilíbrio entre o princípio da realidade e o princípio do prazer, não deixar a gangorra despencar para nenhum  dos lado é sinal de maturidade.

Oráculo

"Entender o que é muito importante para si mesmo e para o outro.
Aceitar o que deve ser aceito ( isto é um processo)
Abnegar de certos desejos, pois os relacionamentos requerem abnegação. E como diz a Bia, nós somos poços de desejos doidos e nem sempre eles nos levam a algum lugar que valha a pena. Eu abnego do meu desejo incontrolável de pegar no colo meus gordos(coelhos) e ficar enchendo eles de beijos (heheheh).
Aprender a Perdoar o que deve ser perdoado.
Nada disto é fácil e nem tampouco rápido, é uma prática constante. O que me chateia é a gente ver as pessoas só reclamando dos seus relacionamentos longos, e se os fazem longos, culpam a religião, por sua incapacidade de mudar tudo isto e fazer diferente.
E por outro lado, quando se age tentando sinceramente, a cada dia tentando entender, aceitar, abnegar e perdoar, existe uma ligação que se cria, muito profunda, verdadeira e cúmplice que vale a pena.
Vale muito a pena.
Hoje eu acredito que em tendo PARÂMETROS bons de escolha, a escolhida ou o escolhido, valeram a pena, entendem?
 E se alguém vale a pena, a parte dois que é o processo todo, por mais difícil que seja, também vale a pena. " Suca.
Porque haverão dias que esse assunto será a tona ...

07 junho, 2011

As separações

Recentemente li uma boa explicação sobre o medo que temos da morte; no fundo o que assusta nela são três fatores: o desconhecido que é sempre amedrontador;  a resistência a abandonar a vida, o que é próprio dos instintos; e é claro a passagem, o cross over,  que pode estar carregada ou não de sofrimento.
Particularmente penso que os que valorizam em demasia apenas o lado material neste universo, sofrem ainda mais nesta despedida de morada, porque afinal a vida continua de uma outra forma.
 Com uma dose de humor já disseram: acredito que a vida e a morte sejam, ambas, boas. O problema é a transição.
É assim ; sorrir e pensar , simbolizam o encontro das qualidades que nos fazem verdadeiramente humanos - a razão e a emoção, a morte coloca as duas para trabalhar ao mesmo tempo.
Ninguém está livre de sofrer com separações, a não ser que se condene a não estabelecer relações!
 E quem mais padece com despedidas são as pessoas que mais fazem amigos, que mais colocam seu afeto à disposição do outro. Se me fosse dado escolher, preferiria ter sofrido ainda mais por ter tido mais despedidas de pessoas que foram importantes, mas que me deixaram porque eram ainda mais importantes para si mesmas, e precisaram seguir seus rumos.
Na despedida vivemos a lógica cruel de aceitar o afastamento com a cabeça, mas de negar com o coração.

"Só tem vampiro porque tem que dê o pescoço"

Inteiros que se aproximam e se amam não se sentem donos do outro pelo simples fato de os amarem. Não existem os direitos de mandar e desmandar no outro apenas porque há o elo amoroso. Inteiros que se sentem insatisfeitos podem ir embora. Este é o ganho nos tempos modermos, pois não há mais lugar para abusos e dominações.
Assim, sem que tenhamos percebido, a capacidade de conceder que caracteriza as pessoas generosas tem diminuído em virtude de elas poderem ficar melhor consigo mesmas. Passam a pretender parceiros mais delicados, mais preocupados com o direito delas, menos egoístas.
Assim, egoísmo e generosidade estão saindo da moda. Sim, porque se o generoso quer que se preste atenção nele e nos seus desejos de ser generoso e está se encaminhando na direção do senso de justiça. Com isto não haverá mais lugar para o egoísmo que só existe porque há generosidade.?? Pode ser, não tenho tanta certeza desta correlação.
 O que tem acontecido? Inteiros se aproximam, se “curtem” , estabelecem elos onde há preocupação permanente em agradar o outro ao mesmo tempo que não abrem mãos de seus direitos individuais.
A palavra-chave desta nova e mais sofisticada forma de amar é a mesma que sempre e existiu nas amizades: respeito.

04 junho, 2011

Percepção ...a nossa visão limitada do entender

O homem, por ter percepção do tempo, preocupa-se com o futuro e insiste em acumular.
Estoca comida, guarda coisas, economiza dinheiro e sonega até mesmo  afeto, como se ele fosse fazer falta mais tarde. Ou não se deparou em algum momento com "pessoas geladeiras" , tão frias que parecem icebergs ambulantes.
Prevenir o amanha está certo, mas depende do grau, pois haverá um momento em que a virtude da previsão  começa a transformar se no pecado da avareza.
O insitnto físico da sobrevivência precisa ser equilibrado com o instinto maior da generosidade, uma vez que este vai além do individual, abrange o coletivo e potencializa ainda mais a sobrevivência, não apenas do corpo , mas também da alma.
De maneira lógica essa percepção esbarra no auto-conhecimento, o qual  é extremamente difícil, porque é um processo racional no qual temos que entender como funciona nosso próprio eu. Numa metáfora atual, é como se um computador tivesse que aprender a maneira como foi construído, coisa que tem que correr em paralelo com sua utilização cotidiana.
A situações, objetos e também a sensações que aprendemos , desde crianças, a associar palavras que constituíram a linguagem como parte do processo de utilização de sua razão. Depois de termos guardados na memória um número razoável de situações, objetos e sensações  e seus respectivos nomes, ou seja, palavras que os representam , podemos nos aperceber com facilidade das condições em que elas se repetem. Assim, somos capazes de “reconhecer” objetos, situações e correlacionar objetos entre si, objetos ou situações com emoções, etc.

Junto com este primeiro avanço maior se cria o primeiro problema sério. É o seguinte: e se estabelecermos correlações que não correspondem aos fatos reais?
E mais: como saber quais as correlações realmente certas e aquelas equivocadas? Aquilo que se chama de lógica , percepção.... foi um esforço no sentido de se sistematizar um conjunto de regras capaz de reduzir ao mínimo a margem de erro nas correlações.
Apesar de estar sujeita a graves erros essa é também a via usual das mais importantes descobertas; o objetivo de se encontrar os meios de provar aquilo que, por intuição, já se sabia desde o início; entretanto faz se imprescindível escutar a própria intuição sem se influenciar pela cartilha alheia.