Para saber quem você é basta que se observe, que faça um filme de sua própria vida. Os fatos de cada etapa da vida revelarão tudo, e suas atitudes te confirmam. Do que você gosta? Em que acredita? O que deseja? O que te consome? Dia e noite somos questionados, e as respostas costumam ser inteligentes, espirituosas, marqueteiras e superficiais.
Quando você menciona que está com um problema costuma apontar que a causa dele está no outro e não na forma distorcida de avaliar sua postura diante dos conflitos. Sempre nos descrevemos para causar a melhor impressão aos nossos inquisidores, as vezes tentamos enganar até o terapeuta.
Ultimamente as redes sociais te perguntam o que você está pensando? Conte alguma coisa para seus amigos... descreva seu perfil...
E lá se vão várias descrições do tipo : sou do bem, sou sincera, sou perseverante, sou bem-humorada, uns mais cômicos apelam em pergunta para minha mãe..... já vi de tudo!!!
No senso comum não costumamos economizar atributos quando se trata da nossa própria descrição. Postamos a vida perfeita, as férias no paraíso, o amor a la Shakeaspeare apaixonado; a nossa porção vitrine londrina é impecável.
Enquanto isso, o demônio dentro de nós revira o estômago e faz cara de nojo. É muita santidade para nós pobres -mortais, ninguém é tão imaculado assim.
A verdade é que o que dizemos não tem tanta importância; para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. O que dizemos , com todo o respeito, é apenas retórica.
Entre a data do nosso nascimento e a desconhecida data da nossa morte, nós acreditamos estar no meio desta viagem e então seguimos nos anunciando como bons partidos, incrementamos nossas conquistas. Abusaos das palavras e da imagem como se no final da vida houvesse um photoshop que pudesse sumir com nossos defeitos e retocar nossa pior parte .
Mas é na reta final pela voz silenciosa da nossa consciência que nosso passado nos calará e responderá por nós.
Quantos reais amigos você manteve? Todos os que adicionou no orkut?
Como foi sua trajetória amorosa? Respeitou quem passou pela sua vida?
Como educou seus filhos? Fez deles marionetes dos seus desejos?
Quanto de alegria semeou no seu cotidiano?
Com que grau de intimidade e confiança conviveu com seus pais?
Como lidou com tentativas de corrupção?
Como tratou seus empregados, porteiros, garçons?
Que impressão causou nos outros, não naqueles que te conheceram por cinco dias, mas com quem conviveu por décadas ?
Quantas pessoas magoou na vida?
Quantas vezes pediu perdão?
Quem vai sentir sua falta de verdade quando você partir?
Podemos durante toda a vida maquiar nosso lado humano, podemos nos afastar por anos a fio destas perguntas , podemos fingir que nossas feridas não queimam em chagas podemos nos afastar de algumas respostas que já sabemos doerão na alma, podemos silenciar muita coisa para não vir a tona nossa própria roupa suja.
Mas no final nosso "inventário" estará lá e a soma de todos teus dias é quem assinará seu verdadeiro perfil.
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