26 abril, 2010

Impressões aos 36....

Eu não tive filhos ainda, portanto muitas das preocupações de mulheres da minha idade não fazem sentido para mim.
Preocupo-me entre outras  coisas com uma alimentação saudável, o bem estar de minha família, o equilibrio entre o pessoal e o profissional.
 E penso em como me livrar do maior de todos os males modernos: o medo que a maioria das pessoas tem de se entregar ao amor.
 Todo mundo transa e ninguém pega na mão.
Não falo de compromisso, falo de conforto, que é a melhor coisa pra se ter depois do sexo.
Não tenho a neura da badalação, prefiro aproveitar as infinitas opções gastronômicas de qualquer cidade.
Ultimamente ando perambulando pelo mundo em viagens aqui e acolá e nessas descobri a infinidade de pessoas , comportamentos e culturas que o mundo me oferece.
Começo a pensar que de certa forma a gente não reage bem às adversidades, ainda que elas venham sem bater e não escolham o seu alvo. Em tudo há um motivo mas, sempre que você vê o outro tendo que engolir algo ‘ináceitável’ em sua opinião, vem aquele alívio pois o problema bateu à porta dele, não à sua. Daí, quando você menos espera vem o seu fardo e aquilo passa a ser um pesadelo, ao qual você, se pudesse escolher, nunca teria entrado.
Claro que tenho o meu, aí não sei o que fazer, me vejo encurralada, penso até sair fumaçinha dos miolos, tento achar alternativas, descarto-as no instante seguinte , tento rascunhar algo, risco o que pensei, "amasso" a idéia, jogo fora, mudo de ideia e vou buscar a solução que foi parar no lixo, olho aquilo, coloco a mão na cabeça e bate um desespero, começo a chorar, sou a vítima, de mãos atadas, refém do destino que me amaldiçoou e então....... nego.
Adormeço e acordo com a sensação de que fui jogada de cima do caminhão de mudanças, só que no planeta Saturno.
Bem, no dia seguinte me conformo, não com sorriso largo no rosto, mas olho para os lados e penso ‘fazer o que? Não posso ficar parada e sigo, em tom melancólico com a filosofia do pelo menos em sonho atendo meus desejos.
Uma vez um amigo disse que eu era um diamante; que precisava apenas ser lapidado,os anos passaram , amadureci e percebi que  me lapidei sim mas não superficialmente e ao contrário do que fazem no carvão , a transformação expressiva  foi em meu interior, de dentro para fora; e hoje o autor da frase que perpetuou em  minha mente me presenteia com a indiferença, se já não bastassem os milhares de km que nos separam. Talvez  ainda não tenha compreendido que sua sugestiva lapidação leva tempo ou jamais compreenda que transformações nem sempre são instantâneas  de qualquer forma eu o compreendo, mas confesso que me entristeço.
Acho que ser humano deveria ser mais preparado para enfrentar os impactos da vida. Não sei se ao dizer isso  me remeto a uma visão ínfima da existência humana, mas o fato é que além de considerar os dissabores da vida, estes são inesperados, vêm quando menos esperamos e passamos a não contar mais com eles porque depois de certo tempo, as tais das experiências fazem da gente um pouco arrogantes, certos de nossos deveres, direitos e aprendizados de que, seja qual for nossa decisão, tudo sairá perfeito?
 Bem, às vezes não sairá tudo perfeito.
Redundante? Não me importo, não escrevo para te elucidar e sim ir além da superficialidade explícita, um artigo de luxo na sociedade que vivo.
O que eu quero dizer é que problemas existem, mas tem um bocado de gente, inclusive eu, que reza para passar longe e reza também para viver uma vida inteira sem, ainda que eles façam da gente pessoas mais espiritualizadas e capazes de enfrentá-los no futuro.
No fim a gente acha que tudo vai ficando mais fácil na medida em que vivemos. Daí ficamos arrogantes. Lá na frente a gente toma um tropeço ainda maior, fica com cara de ‘ué’ e percebe que é arrogância barata, que se fôssemos bons o suficiente, já não estaríamos neste mundo tendo que aprender um monte de coisas.
E eu, quando era mais jovem, olhava todos os problemas das pessoas e achava que era ‘barra’. Voltava o olhar para dentro e via que eu não tinha problemas, que não tinha ninguém passando necessidade ou quaisquer dificuldades de relacionamento ou problemas de saúde.
 Pois é, logo depois vieram a cavalo, para dramatizar a cavalaria real inteira me visita algumas vezes!
Ter 36 é isso. É  passar pelas dificuldades na escalada, sofrer com o vento, com o frio, com a indiferença ,ter algumas contusões emocionais, ver  partes do seu corpo pedindo revisão na autorizada e não poder ‘fazer muito’ pois você de certa forma tem que prosseguir.
 Só o que pode ser feito é amenizar a escalada, prevenindo-se, olhando ao redor, sentindo,se conhecendo e calculando os passos.
 É importante sentir .
 Mesmo em situações de conflito, vai chegar um momento que o meu cérebro vai reviver aquele momento, seja através de uma imagem, de um cheiro, de uma música, de uma lembrança  ou de uma sensação qualquer. Negá-lo é só postegar ou aumentar conflitos.
Neste momento, capture sua sensação. Ela será a sua memória, e é essa uma das razões desse blog.
Registrar o que senti em momentos da minha vida.
As lembranças desta semana me trouxeram alegria e dor,a velha dualidade, não faz mal , prefiro a entrega absoluta a passar em brancas nuvens pelos sentimentos.
 Não dá para ficar no quase sem arcar com os resultados de não se posicionar, não dá para ficar sempre na zona de conforto.
No fim de todo sofrimento há um ganho. Mas e quando não estamos ainda no fim, ou e quando acho que o fim será só em outra encarnação?
Há remédios que consolam nestes períodos e a oração tem sido minha companheira diária.
A gente se pressiona porque precisa, não porque gosta.
Eu me  pressiono a encontrar caminhos e saídas porque me julgo capaz de chegar.
Isso que vale a pena!

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