14 agosto, 2009

Em busca do equilíbrio

Hoje me deparei com uma situação tão especial , dava as últimas aulas na faculdade e, aos poucos mentalmente ia me despedindo de cada um daqueles alunos, não;, eles não eram alunos eles estavam alunos. Porque por trás deste papel social havia em cada rosto uma esperança, um alento de que o destino deles não estava traçado, de que havia sim ainda muitas chances de fazer e ser diferente. E que como todos nós o que eles mais precisavam era de incentivo, de um olhar atento e um pouco de compaixão para lhes dizerem: vocês podem mais, vocês merecem muito mais.
...Sexta feira a noite, pedir concentração até para o mais esforçado dos mortais não soa humano, então num momento de intuição resolvi escutar o que falava mais alto em mim. Eles querem atenção, saí do palco olhei nos olhos de cada um desses jovens e percebi o quanto podemos fazer pelo outro com um pouco de boa vontade e amor.
Ah mas e se eu não cumprir o meu papel de educadora, haverá outro que o fará..... era o meu adeus e até mesmo o até breve porque naquele instante o que mais queria era que todo meu agradecimento pelas oportunidades que tive se transformassem numa vibração de acalento e encorajamento aqueles seres tão especiais.
Essa breve convivência me despertou mais uma vez um sentimento de gratidão imensa pelos presentes e dádivas que já recebi, quando olho nos olhos de um aluno inevitavelmente me recordo de um tempo em que estive lá , por trás daquelas cadeiras com um caderno a frente , ansiosa para descobrir o mundo e todas as coisas que ele poderia me oferecer.
Quando vejo que a escola me trouxe conteúdo e me abriu diversas portas não consigo ter outro sentimento mais forte que o de gratidão: pelos que me levaram até lá, pelos que me carregaram no colo nos momentos de choro, pelos que me deram à mão nas rodas de ciranda, pelos amores platônicos e reais, pelas chacotas da sala, pela risada espontânea, pelos amigos que chegaram e principalmente pelo que me tornei.
Essas experiências me ensinaram três coisas. A primeira é confiar nos meus instintos - e me agarrar aquela decisão tomada num piscar de olhos. Tento então gastar o tempo em que pensava no "e se...."planejando como vou assumir e bancar - a escolha feita. A segunda é que nunca terei plena certeza de que estou fazendo o certo: a vida é risco, e tudo o que posso fazer é me esforçar para que funcione. E a terceira é que , se der tudo errado, posso mudar de idéia- até porque, quanto mais escolhas duras faço, mais fáceis são as próximas.
Para finalizar, aprendi com eles mais uma, que se há algo inspirador para minhas decisões, não são os conselhos queridos que recebo, mas as histórias de vida que conheci ao longo desta jornada.
Há muitos exemplos anônimos de coragem e determinação, exemplos que me fazem sentir mais amparada e determinada a bancar minhas próprias decisões.
A decisão de hoje pensava que seria fácil; mas vocês a tornaram inesquecível e única sem ao menos saberem que já era o fim.
Espero que também tenha inspirado vocês em algo de bom.

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