08 dezembro, 2011

Ciclos, mudanças e auto conhecimento

Há um tempo na vida para se plantar, se pensarmos bem o tempo todo, de diferentes formas estamos sempre plantando, e lá na frente a gente se dá conta que uma colheita chegou, só então percebemos que todo esforço , dedicação e renúncias valeram muito a pena.
Há também um tempo de agradecer , que seja sempre porque o Universo é muito generoso.
Mas queria falar de outra coisa qeu escutei ontém : "uma gota a mais e o copo transborda." e no que isso me levou a agradecer a duas terapeutas especiais que passaram por minha vida; me ensinaram a não deixar o copo transbordar.
A metáfora sobre algo que não conseguimos conter desenha a imagem do que acontece nos momentos em que não damos conta de resolver sozinhos um problema que incomoda bem lá dentro da gente.
Ao atingirmos essa situação-limite, a água escorre ­ e nos vemos no impasse de matar, morrer ou de nos fingirmos de mortos.
Matar é buscar soluções.
Morrer é se deixar aniquilar por ela.
Fingir de morto é olhar para o lado, agindo como se a coisa não fosse com você.
Eis aí três possibilidades do que cada um de nós, como indivíduos , podemos fazer com nossas vidas quando algo não vai bem em nosso íntimo.
Tudo é questão de escolha, e essa opção determina como viveremos e quem seremos para nós e para os outros.
Dentro dessas possibilidades, vale recorrer a  Bruce Willys em Duro de Matar e parte para o combate. Calma, ninguém vai sair por aí batendo nas pessoas que nos causam problemas, nos decepcionam ou representam o que gostaríamos de ser e não somos.
 Ir à luta tem um sentido mais pessoal, de mergulhar em uma jornada que nos colocará em confronto com nosso maior desafiante: nós mesmos.
Na batalha, é importante contar com a expertise de um bom navegador que ajude a interpretar as coordenadas do trajeto até o entendimento de porque o copo transbordou.
Esse companheiro de jornada estudou o funcionamento da mente humana e seus meandros, e, quem sabe, nos fará chegar ao registro da torneira para evitar um novo transbordo.
Assim define-se o terapeuta, palavra que nomeia psicanalistas, psiquiatras, psicoterapeutas e outros profissionais que trabalham com técnicas de autoconhecimento
. É com eles que contamos quando não conseguimos evitar que a gota letal cause sofrimento emocional. Ao pedir socorro e nos lançarmos ao desafio de fazer terapia, embarcamos numa viagem ao inconsciente ­ aquele local dentro de nós que guarda o que somos, como nos tornamos o que somos, o que queremos ser e o que podemos ser.
Se hoje sou mais equilibrada e consciente das minhas sementes e colheitas , os agradecimentos tem nome e endereço certo: a terapia.
Existe ainda muita gente que vê a psicoterapia como tratamento para malucos ou para pessoas sem capacidade de lidar com seus próprios problemas. O ranço é antigo, do tempo em que a subjetividade era malvista pela ciência.
 Remanescentes desse pensamento acreditam que um antidepressivo como Prozac na mão vale mais que boas palavras.
Mas quem aposta na fala como instrumento de expressão sabe que entrar num consultório e se entregar a um momento “esta é sua vida” com um desconhecido é uma forte ferramenta para tirar o pedregulho do sapato.
Ao contar o que sentimos, nós nos ouvimos e ampliamos a consciência de si próprio.
Na relação paciente -psicoterapeuta este não diz o que o paciente deve fazer, ele auxilia a pessoa a navegar em suas emoções e a se compreender.
 Fazer terapia é lançar-se ao desafio de resolver um problema urgente ou aventurar-se a descobrir mais sobre si mesmo.
O mergulho nos labirintos do inconsciente, que revela quem somos, pode fazer toda a diferença para determinar quem desejamos ser.
Terapia não tem garantia ou prazo de validade ­ porque as pessoas mudam, porque a vida muda.
 E, posto que é mudança, nem todo mundo aceita ser igual durante toda uma vida.